Coluna da Maga
Magali Moraes: no buffet de sorvete
Que tipo de pessoa você é no buffet de sorvete? A fazedora de pirâmides? A vitoriosa da dieta que come salada de fruta? A acumuladora de coberturas? A que sai rebocada pelo guincho? Não me diga que você vai lá só pra comer e não observa o povo ao redor. Essa invenção do verão brasileiro é um prato cheio pra estudar o comportamento humano. Ao contrário do Wesley Safadão, que nem todo mundo engole, o buffet de sorvete é unanimidade.
Naquela fila inocente, a elegância voa que nem guardanapo em mesinha de rua. Começa na escolha do pote. Quem é olho grande se joga no maior que achar, como se não houvesse amanhã. Os magros, lógico, pegam uma casquinha discreta porque sabem que não precisam comer tudo aquilo. Os gulosos escolhem logo o cascão, provocando olhares de inveja capazes de derreter geleira. Os falsos magros se servem de uma bola só e roubam provinhas de todo mundo.
Calda quente
Como lidar com adultos que insistem no sabor chiclé? Os apegados ao chocolate nunca provam nada diferente e adoram criticar quem pega uva. Tem os que lavam a colher do sorvete a cada troca de sabor e os que sentem nojinho da água parada, mas fazem misturebas de revirar o estômago.
Quando o pote está quase explodindo, vem o setor das coberturas. É nesse momento que o sorvete escolhido com tanto cuidado se torna irreconhecível. Bala de minhoca, confete, granulado, canudinho, brigadeiro. E o toque final, as caldas. Você já quis parar de boca aberta embaixo daquelas torneiras? Derrama calda quente por cima de tudo e depois reclama que endurece, gruda no fundo e não dá pra comer?
Eu simpatizo com dois tipos de pessoas. Quem sempre quebra a pazinha (ela não é retroescavadeira, é só uma colher de plástico). E quem sai do buffet levando sorvete grudado na roupa, lambuzado e feliz. Nesse dia, a janta vai atrasar. Desde que sobre espaço pra sobremesa.