Coluna da Maga
Magali Moraes: pés descalços

A vida muda quando a gente pode ficar o dia inteiro de pés descalços pra grama fazer cosquinha, pisar na água e sentir o geladinho da laje. No máximo uma Havaianas pra não queimar a sola do pé na areia quente. Fica tudo mais simples na praia, essa é a verdade. Menos roupa, menos maquiagem, menos amarras, menos frescuras. Se eu tivesse que colocar sapato fechado hoje, cairia a casa. Meus dedos estão soltinhos e felizes, parecem cachorro sem coleira. Até a rasteirinha vai ter que esperar no armário. Abro uma exceção pra botar o tênis e dar uma caminhada se pesar a consciência.
Não é só no verão que adoro andar descalça. Quer ver uma cena clássica? Eu chegando do trabalho e me livrando em 3, 2, 1 do que tiver nos pés (inclusive quando vou almoçar rapidinho em casa). Importante ressaltar que não faço o gênero riponga, nem uso flores no cabelo. Apenas isso me ajuda a descarregar as tensões do dia. A vizinha do andar de baixo deve amar porque diminui consideravelmente o toc-toc do salto (ainda mais vindo de uma pessoa agitadinha como eu).
Calcanhar
Tá, agora vamos abrir o jogo. Esse romantismo de andar descalça por aí, vidaloka de verão, tem um preço a pagar: o calcanhar medonho. Estamos falando de pés no chão, na areia, na terra, e não em nuvens fofinhas. Dá atrito na pele, gente. Pelamordedeus, alguém alcança uma lixa? Não aquela da farmácia, melhor trazer logo uma da ferragem. Enquanto isso, vou enganando a torcida com pedra-pomes. Mas a coitada não é Madre Teresa pra fazer milagre.
Um sonho? Marcar pedicure assim que eu pisar na cidade. Aqui não adianta, agora não importa, deixa assim. É bom demais essa liberdade toda. Esquecendo minhas Havaianas em algum lugar da casa, fingindo que não é comigo o calcanhar destruído. Já a cabeça vai muito bem, obrigada. Nunca esteve tão lisinha.