A danada sempre chega, não adianta. Até na mais maravilhosa das viagens, ela nos pega de jeito. De uma hora pra outra, sentimos falta de dormir na nossa cama e com o nosso travesseiro. De tomar café na xícara preferida, de perambular do banheiro pra cozinha, de usar roupas que não vieram na mala. Por mais que a gente queira aproveitar ao máximo cada minuto das férias e manter distância da rotina, dá saudade de casa. E o momento onde isso fica mais evidente é quando a gente enfia a chave na fechadura, abre a porta e vê o lar, doce lar. O aconchego te abraça, levanta no colo e rodopia na sala. Voltar pra casa é tão bom quanto partir.
Nesse mês de janeiro, eu voei minhas tranças por aí. Fiquei um belo tempo na praia, onde adiantei todas as colunas. Depois dei um pulinho na cidade pra fazer as malas e me joguei nesse mundão com a família. Fomos turistar, passar frio, ver a neve, conhecer lugares diferentes, comer comidas estranhas, nos perder mesmo com mapas, ouvir outras línguas, tirar toneladas de fotos e encher o tanque da memória com lembranças novas.

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De volta

Uma verdade: essa poesia do retorno pra casa dura pouco. Rapidinho, a vida real te bota contra a parede e dá as coordenadas: abre as janelas pra circular o ar! Molha essas plantas semi-mortas! Vai no supermercado porque a geladeira tá vazia! Manda arrumar a alça da mala! Pega a correspondência que tem conta pra pagar! Bota roupa na máquina! E reza pra fatura do cartão não chegar logo!
Leva uns dias até organizar tudo e retomar a normalidade. Aí, o inverso acontece. Morremos de saudade das férias. Por que elas acabaram tão cedo? A cabeça é a que mais demora pra entrar nos eixos. Roupa se lava. Conta se paga. E o que se faz com a vontade de dar mais uma caminhada naquele parque lindo? De voltar naquela fonte pra tirar mais fotos? Engole esse suspiro, guria. Agora é trabalhar bastante e planejar a próxima.

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