Só tem uma coisa pior que engordar nas férias. É ter que comprar jeans um número maior pra disfarçar a realidade. Colados em mim já bastam meus pensamentos. Espelho, seja gentil e não me olhe assim. Eu diria que estou numa saia-justa, isso se eu usasse saias.
Esse negócio de brindar a cada refeição, a cada monumento, a cada foto tirada durante a viagem não podia acabar bem. Caminhei feito louca, é verdade. Mas parece que o jogo não virou. Antes fosse voltar com quilos a mais na mala. Você sabe que sou transparente de tão sincera, então confesso que não é o primeiro jeans que eu compro no desespero. Mulheres, me ajudem! Vocês também já devem ter passado por isso. Nas férias tudo é festa, depois o zíper não fecha porque a boca não fechou quando deveria.

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Jeans da humilhação

Cuidado ao elogiar o jeans novo de alguém. Pode ser um caso típico de jeans da humilhação, aquele que foi comprado por necessidade extrema. Benditas lojas de departamento, onde nenhum vendedor aparece e você não precisa pedir pra te alcançarem o tamanho maior. Eu agradeço a solidão. Visto a roupa de novo, volto na prateleira e, discretamente, pego outro. A mão treme, os dedos querem soltar o jeans no chão, o rosto vira pro lado. Calma, dá pra cortar a etiqueta em casa e não ficar olhando o número gordo. É uma fase, vai passar.
O engraçado é que só de comprar o jeans da humilhação surge força de vontade pra entrar nos eixos. É nosso lado vingativo. A gente quer pagar na mesma moeda, humilhando o maldito o mais rápido possível, pra que ele se sinta folgado demais, ridículo de usar. Hoje passei o dia apostando nos poderes diuréticos do chá de cavalinha. Tô com saudade dos jeans antigos. Quem deve ir pro fundo do armário é o novo, não eles. Se tudo der certo, logo o jeans da humilhação será ignorado. Vai hibernar como os ursos, nem que seja até o ano que vem.

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