Música
Galã dos anos 80 e pai de quatro filhos, Paulo Ricardo garante que não é mais um conquistador: "Saio do estúdio direto para as fraldas"
Cantor, líder do RPM e jurado do SuperStar, fala sobre a carreira, sucesso, assédio nos anos 80 e vida pessoal
Na efervescência dos anos 1980, nascia uma banda que marcou época, considerada uma das mais generosas no surgimentos de bandas de rock. O RPM estourou nas paradas, vendeu, em cerca de três anos (de 1984 a 1987), 5 milhões de discos em uma época que não existia CD nem internet - só LP e fita cassete.
Seu líder, Paulo Ricardo, ganhou as manchetes. Galã de voz rouca, o roqueiro arrebatou milhões de fãs, principalmente mulheres e adolescentes.
Após idas e vindas, pausas e retomadas, o grupo voltou à ativa no começo dos anos 2000, ancorado no sucesso da trilha do Big Brother Brasil, que colocou Paulo Ricardo, 57 anos, novamente nos holofotes. Em 2015, ele estreou como jurado do SuperStar e voltará ao reality show na próxima temporada, além de estar lançando o CD solo, Novo Álbum. Com vocês, a vida, a obra e os pensamentos de um dos roqueiros mais populares do país.
Um fenômeno no rock nacional
Crédito: Valdir Friolin
Na década de 80, o rock nacional passou por um movimento que viria a marcar o gênero para sempre. Entre grupos como Paralamas do Sucesso, Kid Abelha e Titãs, apareceu um fenômeno que levou multidões à loucura. Com letras engajadas, como Alvorada Voraz e Rádio Pirata, o RPM surgiu no fim de 1983, liderado por um dos galãs da época, Paulo Ricardo, que passou a estampar capa de revistas adolescentes em todo o país. Resultado: mais de cinco milhões de discos vendidos, fãs enlouquecidos e uma histeria coletiva por onde passavam.
O primeiro disco lançado, com o nome RPM, trouxe os primeiros grandes hits: Loiras Geladas e Revoluções por Minuto - que acabou censurada pelos versos "agora, a China toma Coca-Cola e "aqui na esquina, cheiram cola", sob a alegação de apologia a drogas. Depois, vieram uma sucessão de sucessos como Olhar 43, A Cruz e a Espada e London, London.
Depois do hiato, o sucesso no BBB
Em 1986, o grupo lançou um dos melhores discos da década, Rádio Pirata Ao Vivo. Mesmo sem músicas inéditas, o LP era um registro ao vivo da turnê que já durava mais de dois anos, com otos os sucessos. Rapidamente, vendeu 500 mil cópias e levou o grupo a ser tema de um Globo Repórter, na época, com Pedro Bial.
Foram cerca de cinco anos de agenda lotada, participações em programas de televisão até a primeira parada. Em 1989, o grupo se separou, voltando em 2001, com o disco MTV RPM, que emplacou a canção Vida Real, tema do Big Brother Brasil. Em 2003, o grupo se separou novamente e retornou em 2011, com o disco Elektra, que dá nome para a atual turnê.
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Casal 20 dos anos 80
Ele, um astro do rock. Ela, uma das musas da TV Globo. Em um relacionamento explosivo, que começou em 1989, Paulo Ricardo tinha 27 anos quando começou a namorar Luciana Vendramini, 17, com quem formou o casal 20 da década de 80.
- Fiquei oito anos com a Luciana, é uma vida. Os primeiros anos foram muito tranquilos, tivemos maturidade de não termos filhos. Quando viemos morar no Rio, para ela fazer O Rei do Gado (1996), não resistimos às mudanças individuais, e nossa relação acabou se dissolvendo, em 1997 - disse ele, em entrevista ao GShow.
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Destaque em novelas como Vamp (1991) e capa de Playboy, Luciana chegou a afirmar, em entrevista á revista Glamour, que o ciúme era recíproco entre eles:
- Paulo foi meu primeiro amor. E foi um amor louco e intenso. Ele dizia que achava muito fofo irmos a um restaurante, ele pedir vinho e eu pedir suco de laranja. Foram oito anos incríveis, só que cheios de ciúme dos dois lados. Até tentávamos nos preservar, mas era impossível escapar da loucura. Paulo estava no auge, eu estava fazendo novela na Globo. Era muito assédio em cima de nós.
Crédito: Adriana Franciosi
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Conquistador ficou no passado
Hoje, maduro, casado há quatro anos com a empresária Gabriela Verdeja, 37 anos, pai de quatro filhos (Paola, 28, Isabela, quatro, Luis Eduardo, dois, e Diana, quatro meses), o galã não rejeita o status de símbolo sexual. Mas afirma que está em outra fase.
- Eu encaro até como respeito em relação ao meu trabalho. Mas acho que assédio é uma espécie de programa da Discovery Channel, né? Quando o macho está acasalando e a fêmea no cio, por exemplo, creio que eles exalam aqueles hormônios. Quando você está aberto a isso, as pessoas notam. Mas estou em uma fase voltada totalmente para a família - afirma o músico.
Ao lembrar do frenesi que causava nos anos 80, ele comenta:
- Acho que é uma forma de carinho. As pessoas estão prestando a atenção no que estamos fazendo, somos pessoas públicas, temos que lidar com isso. Comecei numa época de muita loucura, vivíamos uma espécie de beatlemania. Ia a um shopping e era uma loucura, coisas que, hoje, você só vê com Justin Bieber e One Direction. Tinha cartas de 100m, calcinhas e sutiãs no palco... - relembra o cantor.
Crédito: Gshow/Divulgação
Noite histórica em Porto Alegre
Um dos momentos marcantes do rock nacional foi no Gigantinho, em Porto Alegre, em 1986. O RPM, no auge do sucesso, lotou o ginásio e apresentou a épica versão de London, London de Caetano Veloso.
- Aquela noite fez com que a canção estourasse. Fizemos uma gravação daquela versão, que foi lançada ao vivo e incluída no disco, em meio à turnê. Para que as pessoas pudessem ouvir, tinham que comprar o disco, não existiam essas facilidades de hoje. O rádio e o LP eram muito fortes - relembra o músico.
Em meio à ebulição do rock nacional, Paulo presenciou o surgimento de nomes gaúchos, que acabaram sendo fundamentais para a consolidação do gênero no país nos anos seguintes.
- Vi surgirem os Cascavelettes, os Replicantes, o TNT e dois grupos muito fortes do rock nacional: Engenheiros do Hawaii e Nenhum de Nós. Minha ligação com o Sul do país, em geral, é muito forte. Além desse show fundamental na minha vida, morei em Florianópolis na juventude, pois meu pai era militar e foi transferido para lá_ relembra.
Crédito: Lisete Guerra
Homenagem em disco solo
Atual trabalho solo de Paulo Ricardo, Novo Álbum (R$ 20, preço médio) é definido por ele como um novo momento em sua carreira. Entre os destaques do disco, está a balada com pitadas de folk Isabela, gravada em homenagem à filha, que participa do clipe, inclusive.
- Esse trabalho é o fruto de vários aspectos da minha vida profissional. A carreira solo me dá a oportunidade de me envolver em todos os processos de gravação de um disco. Como vocalista do RPM, muitas vezes, não participo de tudo - explica o cantor, que começa turnê nacional de lançamento do disco no dia 26 de março, em São Paulo.
Sucessos garantidos
Enquanto isso, o trabalho do RPM, em sua formação original - Paulo Ricardo, Luiz Schiavon, Fernando Deluqui e Paulo P.A Pagni - segue paralelamente ao trabalho solo de seu líder. Com mais de 30 anos de sucesso, o vocalista ainda fala sobre um dilema recorrente às grandes bandas de sucesso: fazer um show de inéditas ou apostar nos hits:
- Eu faço um show me colocando no lugar do fã. Tenho a certeza de que a grande maioria das pessoas vai ao show para ouvir os sucessos. É claro que temos vontade de divulgar coisas novas, testar a força de novas canções ao vivo, mas é preciso um equilíbrio. Um show é uma arte, exige um roteiro, como um filme ou uma peça de teatro, para que o espectador seja conduzido a uma viagem de seu interesse.
<TITULO COLUNA 1>Volta para a telinha
Além de ser um autor de trilhas de sucesso em novelas da TV Globo - uma das mais destacadas foi Anjo, tema de Billy (Fábio Júnior), em Corpo Dourado (1998) -, Paulo Ricardo teve sua experiência como ator. Foi na pele de Samuel, na novela Esperança (2002). Apesar da agenda de shows cheia, ele não descarta a possibilidade de encarar as câmeras novamente.
- Gosto do trabalho de ator. De repente, estava contracenando com Raul Cortez, Paulo Goulart. Me marcou muito. Foi uma experiência incrível e me deixou com a vontade de fazer novos trabalhos como ator - afirma.
Crédito: Divulgação
<TITULO COLUNA 1>"Vou do estúdio para as fraldas"
Por telefone, o astro conversou por mais de uma hora com o Diário Gaúcho e falou sobre BBB, SuperStar e sua rotina de pai, marido e cantor.
Diário Gaúcho - Como é conciliar a rotina de pai de família com as de músico e jurado dos realities?
Paulo - Vou do estúdio para as fraldas, direto (risos). É necessário disciplina e organização, o imprevisto está muito presente na minha vida, cada dia estou em um lugar diferente. E ainda é preciso pique para estar com eles, tem que estar bem fisicamente. Além de não sair muito à noite, priorizo a família. Muitas vezes, quero correr pra casa para ficar com eles, vê-los aprendendo coisas novas, isso não tem preço.
Diário - Qual a sensação de ser o responsável pela música de abertura do Big Brother Brasil desde a primeira edição?
Paulo Ricardo - Tivemos sorte em voltar à ativa depois de 12 anos separados. Em 2001, a gente já estava no processo de voltar. E tivemos o privilégio de ter a trilha de um dos maiores sucessos dos últimos anos da tevê, o BBB é um fenômeno de audiência. O tema veio da Endemol (empresa holandesa detentora dos direitos do programa), mas tive a liberdade de fazer a letra e o arranjo.
Claro que sofro críticas, por tabela, por estar associado ao programa, mas é como se fosse um tema do James Bond, está sempre ali. Tenho o maior orgulho de fazer parte disso, tanto que me dediquei a mudar os arranjos para esta edição do programa, de fazer algo pop, que atraia esse pessoal de 19, 20 anos e que eles ouçam como uma coisa atual, ficou mais pop. Já fiz shows no BBB, a energia é incrível.
Diário - Tu assiste ao programa?
Paulo - Claro, minha mulher também assiste, adora. Como a gente tem pay per view (pacote de tevê pago), acaba sendo BBB o dia inteiro (risos).
Diário - E a experiência como jurado do SuperStar? Como foi o primeiro ano e qual a expectativa para a próxima temporada?
Paulo - Me sinto à vontade. Antes do RPM, trabalhei como jornalista de música durante quatro anos, cursei Jornalismo da Universidade de São Paulo (Usp) no início dos anos 1980, mas não concluí. Na época, fazia aquelas biografias de artistas em fotos enormes (uma febre da época). Fiz do Kiss, Led Zeppelin, Black Sabath. Então, eu já tinha uma experiência, um olhar crítico.
E apesar de a gente ser meio protagonista do programa, é uma posição mais cômoda, pois, naturalmente, apareceram mais bandas de rock, que ficavam comigo. E fiquei muito surpreso com o alto nível dos grupos. Ah, e tem a Fernanda Lima, ela deixa todo mundo à vontade, além de ser linda. Acredito que será uma grande edição, com o acréscimo de uma grande artista, a Daniela Mercury.