Coluna da Maga
Magali Moraes: a tal zona de conforto

Existe um lugar confortável e seguro, onde a temperatura é sempre gostosa, dá pra ouvir uma musiquinha ao fundo e nem os mosquitos ousam incomodar. Parece tão bom que a gente não tem vontade de sair de lá. Esse lugar é a nossa zona de conforto, e é uma armadilha. Fuja sempre que possível.
Estou fazendo isso agora de manhã. Meu dia começou de um jeito bem diferente: em cima de um palco, dando palestra. E essa plateia é das exigentes, viu. Não é a primeira vez que falo em público, mas com certeza é que a mais deu frio na barriga. Foram semanas preparando a apresentação. Me sinto pronta e, mesmo assim, talvez eu esqueça metade do que treinei pra falar. É grande a possibilidade de alguém fazer uma pergunta que eu não saiba responder. Posso tropeçar num fio ou a garganta fechar de uma hora pra outra, me deixando sem voz. Apesar de todos esses medos que passam pela minha cabeça, tenho certeza de que vai ser uma baita experiência. O mais difícil eu já fiz, que foi aceitar o convite. Sair da zona de conforto é sempre assim. A gente se desafia, se arrepende, se acalma, se apavora, se encoraja. E quando chega a hora, vai lá e dá o seu melhor.
Aplauso
Palestra é só um exemplo, tem tantas coisas que também nos provocam a ir além dos nossos limites. Testar uma receita (que você nunca fez na vida) justo num dia de festa com a casa cheia. Mudar de área no trabalho e se reinventar, terminar um relacionamento ruim, morar em outra cidade, enfrentar uma doença na família, aprender a dirigir. Para os muito tímidos, abrir a boca e dar uma opinião em voz alta já é digno de aplauso.
O que não dá é a gente se esconder o tempo todo dentro da zona de conforto, enrolar plástico bolha ao redor do próprio corpo e ficar eternamente protegido. Nem que seja pra provar que você consegue. Ou pra ter o que contar pros filhos e netos. Quando a vida te chama, diga sim.