Eu já contei como fui CDF no colégio, só tirava notas altas e me matava estudando. Não pense que era tudo melzinho na chupeta. Eu tinha pavor das aulas de física. As explicações do professor não faziam o menor sentido pra mim. Não conseguia acompanhar, não entendia, não gostava. Eu me sentia burra, e esse sentimento me afastava cada vez mais da matéria. Lembrei disso agora. É assim que me sinto acompanhando as últimas discussões sobre política: burra que nem uma porta. Parece que me jogaram de novo pra dentro de uma aula de fisica que não termina nunca. Escolhi uma profissão que passa longe de cálculos e fórmulas, mas é impossível tirar a política da nossa vida. E nem quero tirar. Só queria entender com clareza o que aconteceu com esse país.

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O agravante é que, em vez de 1 professor fazendo exercícios de física no quadro negro, hoje tem um milhão de pessoas escrevendo textão na internet e achando que conseguem explicar o cenário político atual. Cada um com suas teorias e verdades. Cada um se achando o maior especialista no assunto. Olha, desculpa a sinceridade. A coisa tá tão feia que vocês só confundem ainda mais. As notícias parecem piada. Bem ou mal, eu acreditava no professor de física. Acreditar em quem hoje? Tem sempre um interesse por trás, uma reviravolta, um nariz de palhaço. O deboche dos políticos nos cega de ódio.

É mais fácil deletar amigos que pensam diferente do que chegar a um consenso. Que autor de novela imaginaria um enredo tão complexo? Só dá bandido, sumiram os mocinhos. Estou escrevendo essa coluna sábado de noite, pensando nesse domingo que ainda nem nasceu e já é histórico. Vai ser um dia intenso, as ruas lotadas, o bicho pegando fogo nas redes sociais. Tomara que as manifestações sejam pacíficas e nos ajudem a enxergar uma luz. Porque viver nessa escuridão não dá mais.

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