Coluna da Maga
Magali Moraes: "alérgicos unidos"
Não vai ter golpe de ar, El Niño ou frente fria que nos impeçam de curtir a vida. Estamos acostumados a respirar de nariz entupido, escutar de ouvido fechado e sorrir com a garganta arranhada por um porco-espinho imaginário. Limpamos a coriza de cabeça erguida. Queremos engolir e não conseguimos. Nos comunicamos com um fio de voz e usamos mímica. Já tomamos tantos remédios pra gripe que não serviram pra nada e, mesmo assim, seguimos em busca da receita milagrosa. Nossa tosse seca interrompe aulas, palestras, silêncios e o sono da pessoa amada. Temos pigarro e produzimos sons horríveis.
Nascemos alérgicos, do pó viemos e com pó espirraremos. Retiramos carpetes, tapetes, cortinas e torcemos o nariz pra casas sempre fechadas. Se até uma pantufa peluda ataca nossas vias respiratórias, imagine pelos de animais. Experimentamos receitas da vovó e aplaudimos o leite quente com mel antes de dormir.
Manifestações
Em noites particularmente tensas, apelamos pra dois travesseiros ou a almofada da sala. Gostaríamos de dormir em pé pra respirar melhor. Como trabalhar no dia seguinte? Somos dependentes de antialérgico, só falta coragem pra testar o desentupidor de pia nas narinas.
Da mesma forma que o Super-Homem teme a kriptonita, somos facilmente derrotados pelo ar-condicionado. O do trabalho é o mais violento, a maioria calorenta sempre vence. Mas eu cansei!! Quero convocar todos os alérgicos para manifestações. Abaixo os 17 graus! Repita comigo: “ ÃO, ÃO, ÃO, NÃO É MAIS VERÃO!! Tenha compaixão.
Assim como os colegas se desentendem com o controle remoto do ar, existe polarização entre os alérgicos. Os pró-Afrin não respeitam os pró-Barita Composta. Precisamos nos unir! O outono mal começou, o que será de nós no inverno? Vem pra rua!! Se não for dia de chuva, se a poluição ajudar, nossa respiração tem mais futuro.