Coluna da Maga
A costureira ideal
Eu prego botão e remendo pequenos buracos razoavelmente bem. Mais do que isso, já não garanto um serviço de qualidade. Meias detonadas e puídas não valem o sacrifício de enfiar a linha na agulha. Pra que forçar os olhos se amanhã o buraco abre de novo? Tenho boa vontade e o arsenal completo: espessuras diferentes de agulhas, cores variadas (com os fios enroscados) e até dedal. Guardo numa caixinha todos os botões extras que vêm presos nas etiquetas das roupas, o que demonstra a preocupação com o assunto. Ainda faço a gentileza de alertar os desavisados sobre fios soltos, botões pendurados ou qualquer deslize que comprometa o visual. E encerram aqui minhas habilidades de corte e costura.
Quer me ver feliz? É encontrar pernas de calças que sejam exatamente do tamanho das minhas (o drama da baixinha que tropeça em tecido). Quem tem filhos conhece bem os rombos nos joelhos e os sovacos descosturados. Para o sobe-e-desce das bainhas, se falta expertise sobra jeitinho. Dá pra colar uma fita pelo lado de dentro da calça, passar a tesoura no jeans e desfiar, só comprar em loja que faça bainha ou ter uma costureira que salve a pátria.
Consumo consciente
Eu demorei pra encontrar a minha e não largo mais. Ela topa invenções malucas. Arruma vestido comprado sem experimentar e sem usar. Renova calças que seriam doadas. É parceira e não cobra um consertinho porque sabe que eu vou voltar (claro que sim!). E veste sempre o mesmo sorriso.
Você já ouviu falar do movimento "Quem fez suas roupas?" A ideia é questionar onde e como as peças foram produzidas, se houve trabalho escravo, se o material polui o meio ambiente, se precisamos realmente de tantos lançamentos. Consumo consciente é a última moda. Isso combina muito com uma costureira que te entende, que manda bem nas reformas e te ajuda a não ser dependente das vitrines. Eu tenho a minha, e você?