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Coluna da Maga

O coletivo contra o estupro

30/05/2016 - 08h08min

Atualizada em: 30/05/2016 - 08h09min


Magali Moraes
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Não sei você, mas eu sinto vontade de vomitar cada vez que leio algo sobre o estupro coletivo que aconteceu no Rio semana passada. Mais de 30 homens contra uma adolescente (não faça julgamentos sobre ela, apenas leia essa frase de novo). Dá tristeza, raiva, dor, medo, vergonha da humanidade. No começo, neguei o assunto tentando me proteger de um dos meus piores pesadelos. Estupro é uma violência que apavora mulheres de qualquer idade e classe social. E por isso mesmo precisa ser falado à exaustão. Ficar quieta como? É justamente o silêncio que nos enfraquece.

No Facebook, as pessoas trocaram sua foto de perfil pra protestar contra a cultura do estupro. Não troquei a minha. Preferi trocar o assunto que eu ia escrever hoje. Aqui no DG, tenho uma infinidade de leitores que vão ler essa coluna e refletir comigo. Nós somos um coletivo do bem, olha que forte!

Pra entender o que significa a tal cultura do estupro, separe essas duas palavras. Cultura é tudo aquilo que nos envolve no dia a dia e nos influencia até sem querer. Estupro, você sabe o que é. Agora pense nas letras de funk que falam grosserias sobre mulheres e sexo (e criancinhas cantando junto). Pense na educação que valoriza o filho pegador e reprime a filha. Pense nas roupas curtas e no clichê “ela tá pedindo!”. Pense nas piadinhas que, na verdade, são assédio. Pense nas encoxadas impunes no ônibus. Pense nos decotes que parecem convites (mas não são). Pense nos anúncios de moda onde uma modelo está lindamente cercada por cinco homens sem camisa. Tudo isso forma a cultura do estupro, que está entre nós há décadas e a gente nem se dá conta.

São tantos exemplos pra tão poucas leis. Preste atenção nos relatos que as mulheres estão contando nas redes sociais e se coloque no lugar delas. O estupro é a parte mais podre da cultura que nos cerca. Pense no coletivo de amigas, irmãs, colegas, mães, namoradas, primas, sobrinhas. Pense em todas nós.


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