Coluna da Maga
Uma parede preta
Você já quis alguma coisa, mas não soube explicar por quê? Um dia olhei pra uma parede branca lá de casa e imaginei ela pintada com tinta de quadro negro. E eu com o giz na mão, escrevendo tudo que quisesse: pensamentos, recados, receitas, frases inspiradoras, trechos de livros, temas pra coluna. Pronto, virou ideia fixa. Às vezes, eu olhava pra essa mesma parede e só enxergava dúvidas: preciso de mais um lugar pra escrever? E se virar obrigação? E se eu gastar todos os assuntos? E se a cor preta ficar pesada, triste, escura?
Ainda bem que eu insisti nessa vontade meio infantil. Era uma vez uma parede branca e sem graça. Agora tenho um lugar pra soltar a imaginação, o que nunca é demais. Descobri que parede preta é mais que um elemento decorativo. É terapia. Depois que a tinta secou, pesquisei tipos de letras manuscritas e me preparei pra escrever. Afastei a cadeira e a mesa, busquei a escada, enjambrei uma régua grandona, peguei um pano úmido, abri a caixa de giz. E sabe o que fiz pra inaugurar? Um desenho.
Do teto ao chão
Eu adorava desenhar quando criança, tive até aulas. Em algum momento da adolescência, fiquei crítica demais com meus desenhos e abandonei. Engraçado isso voltar justo agora que ando tão envolvida com a escrita. O primeiro desenho eu copiei igualzinho a um lindo que achei na internet (viva o Pinterest!). Aos poucos quero desenferrujar o traço e me aventurar mais. E se eu quiser escrever do teto ao chão, tudo bem. Limpou, tá novo.
Essa parede abriu várias possibilidades. Em caso de insônia, posso me distrair até o amanhecer. Posso colar fotos e desenhar molduras ou cenários ao redor. Posso deixar a parede vazia, como a nossa mente deveria ficar de vez em quando. A única regra é me divertir. Posso apagar tudo no dia seguinte ou daqui a um mês. Acredita que já deu vontade de riscar também na parede branquinha ao lado? Muita calma nessa hora.