Coluna da Maga
A garrafinha de água que não esvazia
Toda vez que levo uma garrafinha de água pro trabalho, eu penso "dessa vez vai dar certo". Mas é só ela ser colocada em cima da mesa pra desaparecer de vista. Não é bagunça, é ilusão de ótica. A garrafinha segue lá, a dois palmos de distância. Eu é que não vejo, ignoro por completo, esqueço de tomar água. Levanto pra me servir de café, faço chá, sento, levanto e a garrafinha segue invisível na minha frente. Dá pra dizer que ela se torna transparente como água. Outro problema comum é esquecer a maldita numa sala de reunião (e garrafa sem dono vai pro lixo). Sexta no fim do dia tem a cena patética: eu esvaziando a água que ficou parada a semana inteira dentro da garrafinha na planta mais próxima. Pelo menos alguém se hidrata.
Talvez eu tenha saído de fábrica sem o botão de sentir sede. Tenho dificuldade em beber água. No inverno, dá menos vontade ainda. Agora mesmo estou escrevendo a coluna e bebericando um copo de água pra me sentir menos culpada. Uma frase, um gole (se fosse vinho seria uma frase, dois goles). Empurrar água pra dentro até criar o hábito, é isso? Queria tanto beber os famosos dois litros por dia.
Um mísero gole
Sempre que encontro uma garrafinha diferentona, me encorajo a tentar de novo. Esses dias meu filho pediu água num restaurante e veio um belo exemplar azul escuro. Quando ele terminou (e como bebe água esse guri!), peguei a garrafinha vazia e guardei na bolsa. Essa aí vai chamar minha atenção!! Levei pro trabalho, abasteci no filtro, posicionei a belezura na mesa e o que aconteceu? Até a hora de ir embora eu só tinha tomado um mísero gole.
Será que funcionam esses aplicativos de celular que te lembram de beber água? Garrafa tipo squeeze tem gosto de plástico, não me apetece. E o que dizer dos colegas que bebem no bico garrafões enormes de água? Vai um litrão no guti-guti! Parece que eles estão morrendo de sede no meio do deserto. Bom, terminei de tomar o meu modesto copo. Missão cumprida.