Grande figura o baixinho. O que nos falta de altura nos sobra de elasticidade. E humildade. Saltamos num pé só, pulamos alto do chão, espichamos cada músculo do corpo na tentativa de alcançar o inalcansável. Temos o dom de nos equilibrar na ponta dos pés, o que favorece nossas panturrilhas. Mesmo assim precisamos da escada, do banquinho e principalmente da ajuda de quem for mais alto.

Um baixinho só perde a pose quando senta e não consegue encostar os pés no chão. Fica sacudindo as canelas no ar e volta a ser criança sem querer, o que pode abalar sua credibilidade. Outra cena comum é um baixinho que esquece o próprio tamanho e tenta imitar os amigos que esticam suas pernas compridas pra apoiar numa grade ou muro. A gente vai deslizando na cadeira, vai descendo, escorregando o corpo. E não consegue chegar lá, nem se deixasse a unha do dedão crescer pra sempre. Sabe o famoso estirão de crescimento na adolescência? Os baixinhos perderam essa aula.

Mão no teto

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Tem coisas que irritam um baixinho. A necessidade de fazer bainha nas calças. As lâmpadas que queimam. A persiana que sobe demais e tranca em cima. Ver alguém encostando com uma facilidade ridícula a mão no teto ou no topo do marco da porta (exibidos!!). Vamos ser otimistas. Se por um lado existe muita gente mas alta do que nós, também existem os mais baixos. Criancinhas, por exemplo.

A ala feminina pode usar o truque do salto alto, mas cansa ser quem não se é. Já usei muito, hoje não sou obrigada. A alegria do Zé Ninguém baixinho é saber que tem galã de novela que precisa subir em banquinho pra beijar seu par romântico. Eu nunca desejei o impossível, como ter um metro e setenta. Mas se de fato a gente vai encolhendo à medida em que envelhece, isso sim é preocupante. Por enquanto, vou levando sem stress a vida de pintora de rodapé. O que nos falta de centímetro nos sobra de grandeza de espírito.