Coluna da Maga
Faxinando a agenda
Os contatos do meu celular estavam parecendo aquele armário lotado da garagem onde a gente vai socando tudo lá dentro porque acha que um dia, quem sabe, pode precisar. Fiz um faxinão letra por letra e pratiquei o desapego. Apaguei sem dó nomes e números que não me dizem mais nada. Por maior que seja a memória do celular (ou o espaço pra salvar na nuvem), a gente quer procurar um número rapidinho e tem que garimpar num listão de vestibular.
Hoje em dia é muito fácil localizar os conhecidos nas redes sociais. E com a vantagem de ter alguma foto pra juntar o nome à pessoa. O Sr. Google tem uma memória de elefante e nos entrega de mão beijada telefones de prestadores de serviços. Dá preguiça de faxinar a agenda, falta paciência, mas vale o esforço. Escolha uma longa fila de espera e arregace as mangas. Amigos mudam de celular, de cidade, de país. Quem era importante na sua vida deixa de ser. Você também muda de lugar no ranking deles. Faz parte.
Um passado inteiro no celular
Limpar a agenda parece um jogo de memória. Dá pra voltar no tempo e relembrar épocas distantes. Alguns contatos vêm com risadas e sorrisos, esses merecem permanecer. Outros trazem lembranças tristes de doença na família (agradeça mentalmente por não precisar mais deles). Nesse faxinão, tem lugar pra nostalgia. A professora particular que salvou o ano. A senhora que fazia todos os docinhos dos aniversários. Achei o telefone da escola de música que meus filhos frequentaram durante um único verão. Só não consegui deletar o número da pediatra (é muito amor envolvido). Nem sei se ela ainda trabalha.
Você mantém um passado inteiro no celular? Escolha o que vale a pena guardar. Fique com os protagonistas, desapegue dos coadjuvantes. Abra espaço pra novos nomes, momentos e lembranças. E cuide bem dos favoritos, aqueles pra ter sempre ao alcance da mão e do coração.