Brasileiro lê pouco. Eu nem falo em livro porque isso é notícia velha (e triste). Quer outra coisa que ninguém lê? As letrinhas miúdas das embalagens. Mas deveria ser leitura obrigatória. Alguns rótulos contam verdadeiras histórias de terror: ingredientes cancerígenos, geneticamente modificados, venenos pra fazer o produto durar mais, siglas misteriosas que não dizem nada. Imagine o trabalhão que os alérgicos passam pra identificar o que está escrito e proteger sua saúde.

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A maioria de nós faz vista grossa. O que não mata engorda, né? Fabricantes alegam falta de espaço nas embalagens pra escrever com letra maior. Não seja por isso! Tenho uma sugestão. Sabe leitor de código de barras, que a gente encontra nos corredores de supermercados e farmácias? É só instalar junto uma lupa gigante. Colocou o rótulo embaixo, ampliou, leu tudo. Se entendeu, é outro problema. Aqui vai mais uma ideia. Acrescentar emojis, os bonequinhos de celular que todo mundo entende. A embalagem tem caveira, rosto furioso, assustado, cocô sorrindo? Não compre. Tem coraçãozinho, palmas, polegar pra cima, beijinho? Tá liberado.

Prazo de validade

Além de letras minúsculas e palavras difíceis, tem um agravante. A gente resolve ler embalagem na hora errada. Embaixo do chuveiro, com a água e a espuma cegando a visão, como decifrar o rótulo do xampu? Estômago roncando de fome, vai ler, se irrita e come até o papel. Você reparou que as bulas de remédio evoluíram e agora trazem letras enormes? O que também é ruim. A gente consegue ler cada efeito colateral apavorante.

Se falta espaço e boa vontade nas embalagens, sobra informação na internet. O negócio é pesquisar por conta própria e, sempre que possível, recorrer a especialistas. Será que todo mundo lê o prazo de validade dos alimentos? Isso é o mínimo. Se bobear, encontra fevereiro com 31 dias. O que venceu faz tempo é a paciência do consumidor.