Que lugar te enche de paz? Pode ser no alto de um morro, num campo florido, mas quem consegue frequentar paraísos idealizados? Esse lugar pode ser na sua casa mesmo. Uma janela onde você se sente bem espiando o movimento da rua. Um cantinho quieto com a sua poltrona preferida, já desbotada e amaciada. Pode ser embaixo do chuveiro, num box minúsculo onde cabem apenas você e seus pensamentos. Ou no lado esquerdo da cama, território seu e de mais ninguém. Dá pra sentir a paz invadindo só de se imaginar ali? Não a paz mundial, como querem as misses. Paz de espírito está de bom tamanho.

Esse lugar tranquilão nem sempre tem endereço. Muitas vezes é um momento. E se for uma fotografia antiga, que você tira da gaveta pra olhar (de novo) e se acalmar? Em vez de um destino, pode ser um trajeto. A estrada longa que te leva a algum lugar, qualquer um, desde que tenham casinhas e árvores pontilhando o horizonte. Num dia, seu pedaço de paz é um céu azul. No outro, uma pessoa e um abraço. A resposta que você tanto esperava. Aquela música que bate no ouvido, aciona o cérebro e invade o coração. Sim, a paz pode ser um clichê.

O que nos faz bem

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São tantas turbulências que a gente vai perdendo a capacidade de enxergar o que nos faz bem. O contrário da paz é a ansiedade sem motivo aparente, a buzina nervosa no carro de trás, a briga dos vizinhos que ultrapassa a parede, o sono que não vem, as contas que chegam, o espelho que nunca agrada.

Não existem regras, cada um decide onde está essa paz. Sem dar satisfação a ninguém. Sem comparar a sua com a dos outros. Nem precisa contar, tem paz tão boa que é segredo. Aconteceu de querer dividir essa paz com alguém? Sinal de que a pessoa é importante. Só cuidado com os espaçosos, senão acabou a paz. Tomara que ao ler a coluna, de alguma forma, você tenha encontrado o seu lugar. Sou eu dividindo a minha paz com você.