Coluna da Maga
Magali Moraes escreve sobre a tragédia com a Chapecoense
Eu não entendo absolutamente nada de futebol. Mas entendo de vida, família, perdas, luto, solidariedade e união. Precisava falar sobre essa tragédia que mexeu com todo mundo, de um jeito ou de outro. Foi difícil acordar com a notícia da queda do avião que levava a equipe da Chapecoense pra Colômbia. Meu filho que contou, a gurizada já estava mobilizada cedíssimo. Ao longo do dia, quanto mais eu lia e ouvia sobre o acidente, mais abalada eu ficava. É maior que futebol. É a vida esfregando na nossa cara que a gente não está no comando de nada.
Por que essa tragédia aconteceu no ápice de um time honesto, focado e batalhador? O que dizer pra um filho nessas horas? Pois é, injustiças acontecem. Vem uma fatalidade e pá! Sonhos são abruptamente interrompidos. Gente boa morre, gente ruim segue firme e forte. Se existe algum consolo nisso tudo é ver o mundo se tornar um só abraço nesse momento. #ForçaChape
Destino, fica quietinho
Como não sentir medo no próximo voo que eu pegar? Lembrei do avião da Tam que caiu em São Paulo em 2007 e matou quase 200 pessoas. Lembrei de todos os voos que peguei depois disso. Uma fatalidade não tem explicação (ou tem, a caixa preta vai dizer). Os jogadores e a equipe da Chapecoense viajavam a trabalho. Os jornalistas, os tripulantes. Tenho um irmão que trabalha em companhia aérea e viaja constantemente. Eu mesma viajo muito a trabalho. E se eu não voltar pra casa um dia desses? Destino, fica quietinho e nem conta o que tu já escreveu pra mim.
Agora é mandar energias boas pra essas famílias conseguirem suportar uma perda tão grande. É tentar seguir a vida, em meio às especulações, fotos de corpos e histórias pausadas ("mãe, um deles tinha acabado de saber que ia ser pai"). Quando nos lembrarmos do primeiro ano da tragédia, que a gente possa olhar pra trás e ver que valorizou mais a própria vida. E que distribuiu muitos "eu te amo" pras pessoas certas.