Coluna da Maga
Magali Moraes e os guarda-chuvas que são esquecidos molhados
Quando o encontrei, ele estava quase pegando uma pneumonia. Esquecido dentro de um plástico e completamente molhado. Quantas horas ou dias já estaria assim? Não sei dizer. Era um guarda-chuva novo demais pra ser largado daquele jeito. Corri em seu socorro. Ele precisava de ar. Se possível, um raio de sol. Os guarda-chuvas foram feitos pra nos afastar da água. Não pra ficarem presos numa poça criada por eles mesmos.
Sabe esses plásticos compridos que aparecem na entrada de prédios e lojas nos dias de chuva? São uma ótima ideia pro chão permanecer seco, sem o risco de alguém escorregar e cair. É só colocar o guarda-chuva pra pingar ali dentro. Mas e se na hora da saída não estiver mais chovendo? O que acontece? Nada! Nadinha. A probabilidade é grande dele continuar molhado, trancafiado no plástico, até que a previsão do tempo anuncie trovoadas novamente. A outra hipótese é alguém com olfato apurado perceber um estranho aroma de gambá e fazer uma busca pela casa.
Cheiro de mofo
Já vi colegas de trabalho tratarem com esse descaso seus guarda-chuvas guerreiros. Já senti o cheiro de mofo escapulir do plástico suado e invadir minhas narinas. Já quis libertar todos eles. Depois pensei: não tenho nada a ver com isso, melhor cuidar da minha vida. Quando é o filho da gente, tudo muda de figura. O puxão de orelha está liberado. Até porque não foi ele que comprou o guarda-chuva.
Como funcionava antes de inventarem o tal plástico? A gente chegava da rua com a sombrinha ensopada e abria em qualquer canto pra secar. Agora não. Tem pessoas que abandonam o guarda-chuva na primeira vareta solta (dá pra consertar, gente!). Tem quem passa a vida perdendo guarda-chuvas por aí. Quem prefere se molhar da cabeça aos pés e nem usar. Mas o que me corta o coração é deixar o coitado pingando ensacado, após os excelentes serviços prestados. Lembre dessa coluna no próximo dia de chuva, tá?