O que a gente faz numa hora dessas? Avisa logo? Finge que não vê? Aponta discretamente? Inventa uma careta que dê a entender que o fecho abriu? Dá uma indireta perguntando se o correto é falar braguilha ou bragueta? Espera que alguém também perceba e dê a notícia? Tantas perguntas, eu sei. Na frente do fecho aberto de uma calça, a gente vira um ponto de interrogação. Talvez seja azar ou só coincidência, mas tenho flagrado vários. Que aflição! Não quero ser tão observadora assim. Posso contar isso pra você porque, nesse exato momento, estamos protegidos. Nenhum de nós consegue ver se a braguilha um do outro está aberta.

É mais constrangedor quando acontece com homem ou mulher? É pior se for alguém do sexo oposto? O grau de proximidade com a pessoa ajuda ou atrapalha? Deveria ajudar, se bem que muita intimidade gera piadinhas desnecessárias ("Arrá, tava olhando que eu sei!!"). No caso de ser um completo desconhecido, é como comunicar uma informação de utilidade pública (tipo Cuidado! Buraco!). E sempre dá pra encarar como uma boa ação. Se fosse a carteira caída, garanto que você avisaria.

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Fecho éclair

E o risco de ser mal interpretado? Em vez de receber a Medalha da Coragem por falar na chincha, o que se ganha em troca é um olhar desconfiado. Às vezes, nem agradecer a pessoa agradece. Faz aquela cara de "Ops!!" e já muda de assunto. Vem cá, a culpa não é de quem avisa. Pode ser do fabricante da roupa. Da pressa no banheiro. De quilinhos a mais. Da desatenção.

É mais chique falar em zíper aberto? Fecho éclair? O tamanho da abertura é outro fator decisivo. Se for só um pouco, deixa pra lá, ninguém vai notar. Só eu. Agora tenha piedade de um zíper aberto de ponta a ponta. O último que eu vi assim foi de uma mulher, e tive vergonha de falar. Depois dessa coluna, tomei uma decisão. Vou avisar sempre, doa a quem doer. Posso ser a próxima com o fecho aberto da calça.