Coluna da Maga
Magali Moraes conta o que aprendeu com uma Buganvília
Lá estava eu, olhando pro nada e pensando num assunto pra inaugurar esse janeiro novinho em folha. Queria algo pra entrar com o pé direito na primeira coluna do ano. Mas como me concentrar deitada na rede, esfregando um pé no outro, embalada pelo ventinho fresco da praia? Já desistindo de escrever e preocupada em não derrubar o computador, olhei pra cima e vi minha Buganvília. Tão alta alcançando o telhado! Tão cheia de galhos abraçando o pilar! Mais do que achar um assunto, encontrei uma resolução pra 2017: não apressar o tempo das coisas.
Cinco anos atrás, eu queria muito uma trepadeira florida na frente de casa. Plantei uma muda e não vingou. Plantei outra, que cresceu e serviu de banquete pras formigas. Entre borrifadas de veneno e resmungos, fui levando o tal sonho adiante. Quando a Buganvília já estava grandinha, o Nordestão da praia derrubou o galho principal. Sobrou um fiapo. Não desisti. Voltei na floricultura. Plantei quatro mudas (alguma ia ter que crescer). Duas se entrelaçaram e os troncos triplicaram de espessura. Duas seguem desmilinguidas.
Esperar o tempo certo
Hoje posso admirar a minha trepadeira do jeito que imaginei. Por isso mesmo, sinto um aperto cada vez que o vento derruba uma flor. E como derruba!! Elas caem e saem voando por aí, sem se despedir. Vontade de prender de volta no lugar. Vou ter que esperar mais pra ver a Buganvília carregada de flores. A natureza faz o que bem entende, só me resta aceitar. E aprender que não dá pra ser imediatista. A gente precisa esperar o tempo certo. Novas flores virão.
Sabe o que eu queria? Que você lembrasse dessa coluna quando alguma coisa não acontecer no momento desejado. Sei que é difícil, sou a rainha da ansiedade. Uma Buganvília não alcança o telhado e não abraça o pilar de um verão pro outro. Tem que ter paciência. E persistência. Tomara que seu 2017 seja cheio de aprendizados. Esse é o bonito da vida.