Coluna da Maga
Magali Moraes e o outono: em busca da pantufa perfeita
Agora que as águas de março já fecharam o verão e o outono está oficialmente entre nós, preciso correr contra o tempo. Minha urgência é encontrar a pantufa perfeita antes que o inverno chegue e congele meus pés. Pra uma friorenta como eu, é arriscado estar sem pantufas no armário. Se a temperatura despencar de uma hora pra outra, o que faço? Uso chinelo com meia? Não dá, gente! Sinto um arrepio de vento Minuano só em pensar.
Não é ingratidão com as Havaianas que me acompanharam nos últimos meses. É uma questão de sobrevivência. Preciso me proteger das frentes frias que virão. Fico nervosa sem um par de pantufas na última prateleira do armário. Por mais que um pé vá parar embaixo da cama e o outro se esconda atrás da porta do banheiro, sei que elas estão dentro de casa. Isso dá segurança e me deixa preparada. O Cléo Kuhn nunca vai dizer "Maga, daqui a exatos três dias tu vai precisar de pantufa!!"
Lareira ligada
E tem o aconchego. Uma pantufa quentinha é que nem colo de mãe. Embala os pés depois de um longo dia de trabalho. A pantufa que eu amava se esfacelou de tanto uso. Começou com um furo discretinho, virou uma abertura considerável e se tornou uma boca escancarada de jacaré. Partiu meu coração dizer adeus. Sapateiro nenhum consertaria aquele rombo. Era toda forrada de pele! Eu tosquearia uma ovelha nesse exato momento, se ela lesse a coluna e se sensibilizasse com a minha situação.
Melhor percorrer o comércio em busca de uma irmã gêmea. Quero pantufas que pareçam uma lareira ligada. No final do inverno passado, senti o drama. Passeando em Gramado, parei na frente da loja onde sempre acho esse tipo de pantufa e... cadê? A loja não existia mais. Vem cá, levanta a mão quem já dormiu de meia. Quem já botou uma cobertinha na cama? Quem abriu um vinho tinto e queimou a língua com sopa de capeletti? Adoradores do verão, sem mimimi. Com pantufa ou não, chegou a nossa vez.