Coluna da Maga
Magali Moraes fala sobre o branco que dá na cabeça da gente
Atire o primeiro bloquinho de post-it quem nunca chegou na cozinha e esqueceu o que ia fazer ali. Ou no quarto, sala, banheiro, garagem. É sempre uma cena patética porque, além da perda momentânea de memória, a gente começa a falar sozinho. "O que era mesmo… tomar água… desligar o fogo?!?" Outro branco comum é não lembrar onde largou o celular dentro de casa e ligar pra si mesmo pra rastrear o barulhinho salvador. Uma amiga me disse que tem um jeito de localizar o danado quando ele está no silencioso. O problema é que ela esqueceu onde viu isso! É, não tá fácil pra ninguém.
Você também faz dessas? Semana passada, em diferentes momentos, ouvi pessoas falando que se não anotam, não lembram depois. Será o mal do século? Eu só funciono na base dos bilhetes. Confesso que achei reconfortante não ser a única a desconfiar da própria memória. Anotar é o meu verbo preferido. Fazer listas é uma necessidade. Excesso de tarefas? Falta de foco e concentração? A idade chegando?
Agir diferente
A cabeça da gente é um gavetão onde parece que sempre cabe mais. Jogamos tudo lá: compromissos, ansiedades, informações importantes, bobagens, lembranças, preocupações. É como se fosse uma gaveta sem fundo. A quantidade de tranqueiras vai aumentando, entulha, lota e mal fecha. Daí acontece o tal branco. É um esquecimento que incomoda. E não é um só. Que medo de um apagão definitivo. Do jeito que a vida anda corrida, todo mundo faz mais do que realmente dá conta.
Mulheres são especialistas em querer abraçar o mundo e se sobrecarregar. Mas se os limites não vierem da gente, ninguém vai diminuir o ritmo por nós. Tenho uma proposta. Já que semana está começando, vamos tentar agir diferente? Acalmar o coração, respirar e fazer uma coisa de cada vez. Sem atropelar as ideias. Eu vou tentar. Quero esvaziar essa gaveta lotada que virou a minha mente e guardar lugar pra pensamentos novinhos. E você?