Entrevista exclusiva
Pouco glamour, muito humor: Rafa Brites conta por que fala na maternidade real em suas redes sociais
A repórter do Mais Você divide com mais de 1 milhão de seguidores no Instagram sua rotina e os desafios de ser mãe de Rocco, três meses
Rocco, de três meses, filho da repórter do Mais Você Rafa Brites, 29 anos, e do apresentador do Esporte Espetacular Felipe Andreoli, 37, chegou para mudar a vida da família. Desde a gravidez, a mãe do pequeno vem dividindo um pouco de sua rotina com os seguidores das redes sociais com relatos cheios de humor, que tentam lembrar as outras mães que nem tudo é tão fácil como parece.
Em clima de domingo dedicado a elas, confira uma entrevista exclusiva com esta gaúcha que faz questão de frisar: quando o assunto é maternidade, não cabem julgamentos. Apenas informação e apoio.
Às mamães não famosas, a psicóloga e professora da Feevale Michele Terres Trindade fala sobre as dificuldades pós-parto. E ainda ensina a lidar com o que vem por aí. Feliz Dia das Mães!
Comemoração
O primeiro Dia das Mães com o filho no colo é especial para qualquer mulher _ ainda mais para as mamães de primeira viagem. Para Rafa Brites, a data terá importância dupla. Além de celebrar com o pequeno Rocco, de três meses, ela quer homenagear outra pessoa especial.
– Eu sempre achei que esse primeiro Dia das Mães ia ser voltado pra mim. Mas, agora que me tornei mãe, eu quero dedicar o dia à minha mãe, Maria. É aquele clichê: só depois de virar mãe que a gente entende o que elas passam – diz ela, em um bate-papo por telefone com Retratos da Fama.
E a comemoração vai seguir a tradição dos gaúchos (Rafa nasceu e viveu em Porto Alegre até os 12 anos, e seus pais ainda moram aqui): um churrasco na casa da família Brites Andreoli, no Rio de Janeiro.
Desafio emocional
Ter um bebê em casa, por si só, já é um desafio e tanto. Com a Rafa, não é diferente. Quando questionada sobre qual tem sido o seu maior desafio durante os três primeiros meses com o pequeno Rocco, ela desabafa:
– Antes de ser mãe, a gente se preocupa com a parte prática da maternidade, acredita que esse vai ser o desafio: rotina, afastamento do trabalho, horas sem dormir. Na verdade, o grande desafio não é prático, é emocional. A carga é muito grande. A gente sente de tudo: o amor imensurável, o medo, uma insegurança em relação ao futuro. Isso me surpreendeu. não é a vida exterior, é interior que desafia.
Rotina puxada... mas com humor
Desde a gravidez, Rafa divide com os seguidores do Instagram – que, na última quarta-feira, chegaram a 1 milhão – um pouco da sua rotina. As dores e as delícias da maternidade, situações boas, outras nem tanto, a rotina dela e do pequeno... tudo permeado por toques de humor. As postagens tem feito sucesso.
– Em situações de adversidade, podemos transformar isso num drama ainda maior ou numa coisa tragicômica. Nada é só ruim ou só bom. Tem coisas que, na hora, parecem um drama. Depois, tento rir de mim mesma – conta ela, que dá exemplos:
– Foi assim com a foto que postei, dizendo que nunca esperei tanto por um arroto masculino, até em coisas sérias, como quando o Rocco ficou internado. Chorei muito, encostada na parede. Depois, contava para todos que eu parecia uma lagartixa.
Os motivos de tanto sucesso pelas redes, para ela, é a verdade dos relatos, que causa identificação:
– Às vezes, nas redes sociais, a gente acaba expondo só o lado glamouroso das coisas. Por eu compartilhar também as dificuldades, as outras mães se identificam. Elas dividem suas histórias comigo, se falam entre elas pelos comentários. A minha rede social passa a ser uma rede de mães.
O conteúdo, segundo Rafa, não é planejado. E as mensagens de apoio chegam em maior número do que as críticas e pitacos, tão comuns quando o assunto é maternidade.
– O importante, pra mim, é ser uma mãe possível. O que funciona pra uma não funciona pra outra. A estrutura que uma tem, outra pode não ter. Maternidade é pessoal, e as mulheres não devem julgar, mas apoiar umas às outras – defende.
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Rostinho revelado, sem arrependimentos
Quando Rocco nasceu, Rafa e Felipe decidiram não mostrar o rostinho dele nas redes sociais.
– A princípio, eu queria preservá-lo. Ele tem seu livre-arbítrio. Não é porque os pais dele escolheram se mostrar que ele tem que ter essa decisão também. Mas isso gerou uma curiosidade maior – conta.
Essa curiosidade fez o bebê virar o centro das atenções. Justamente o que os pais não queriam.
– Ele virou assunto, e isso eu não quero. Não falo dele. Falo de maternidade, falo sobre mim. Resolvi mostrá-lo porque ele faz parte da minha vida. Se permitir mudar de opinião é uma coisa muito libertadora. Ele vai entender que nasceu nesta família. Nosso trabalho tem seus ônus e bônus, e não podemos blindá-lo da realidade.
Pela solidariedade
Com pouco mais de um mês de vida, Rocco teve uma bronquiolite (infecção que gera acúmulo de líquido nos pulmões) e precisou ficar seis dias internado na UTI. Da experiência difícil, Rafa viu uma oportunidade de ajudar outras mães, com a doação de leite materno:
– Quando Rocco nasceu, passei reto pela UTI neonatal. Mas precisei voltar com ele pro hospital, e convivi com mães e bebês prematuros. Aquele sofrimento faz o leite de muitas delas secar. Uma mãe nessa situação pensa "como eu vou alimentar o meu filho?". Isso é uma cadeia de maus pensamentos que faz o leite não vir. Percebi que a doação de órgãos e de sangue, por exemplo, são muito divulgadas. A de leite, não.
Além de fazer a sua parte, Rafa ainda divulga a importância dos bancos de leite. Ela participa de uma campanha das marcas Dove Baby e Uber, em São Paulo, que auxilia mães dispostas a doar a levar seu leite para os locais de coleta, com custos reduzidos.
– Com um recém-nascido em casa, a mulher não consegue nem escovar os dentes, muito menos levar o leite até algum lugar. Mas cada gota de leite é valiosa. Um litro de leite pode salvar dez bebês.
Futuro
O sucesso dos textos nas redes sociais é tanto que Rafa já está tratando de levar esse talento adiante.
– De tantos pedidos que eu recebo, comecei a escrever um livro. Estou bem animada. Escrevo durante a madrugada, quando acordo para amamentar. O Rocco dorme, e eu perco o sono – conta.
Mas as histórias da maternidade vão continuar apenas no Instagram:
– É um livro de reflexões sobre o cotidiano, sempre com humor e sensibilidade. Estou no meio do processo, devo lançar no final do ano.
Vida real
/// Assim que o bebê nasce, é normal que a mãe sinta uma desorganização inicial: a rotina muda, o sono diminui, o cansaço bate. Apesar da visão romântica que muitas pessoas têm da maternidade, tenha em mente que este é um grande desafio.
/// Muitas vezes, vendo essa situação, pessoas da família tentam ajudar, mas acabam se metendo demais. Diga a todos como eles podem auxiliar sem atrapalhar você.
/// Busque informações e tome as suas decisões, de acordo com o que achar melhor para o seu bebê. Não compare a sua vida com a de outras mães.
/// Logo após o parto, é comum a mãe sentir ansiedade, ficar sensível e insegura, devido aos hormônios. Se, em algumas semanas, a situação continuar, vale uma avaliação psicológica.
/// Nos primeiros dois ou três meses, é normal que a mulher se enxergue somente como mãe, e esqueça um pouco de si. Quando se sentir pronta, comece a fazer pequenas atividades sem o bebê, como ir ao supermercado, arrumar o cabelo ou fazer a unha.
/// Se você convive com uma mulher que teve filho há pouco tempo, fique atento às necessidades e ao comportamento dela. Esteja pronto para ajudar, sem dar pitacos demais.
*FONTE: Michele Terres Trindade, psicóloga clínica e professora da Feevale.