Estrelas da Periferia
Conheça o Samba da Velha, que criou roda de samba que reúne centenas de pessoas na Restinga
Grupo, que começou como uma junção de amigos, desenvolve projeto cujo objetivo é reunir as famílias do bairro.
O começo de boa parte dos grupos de samba e de pagode na Capital é mais ou menos assim: alguns amigos, sem maiores pretensões, se juntam para rodas de samba, em casa ou em bares, para animar pessoas próximas e conhecidos. Essa também é a história do grupo Samba da Velha, fundado em outubro de 2016, na Restinga Velha, Zona Sul de Porto Alegre.
A proposta dos músicos, inicialmente, era apenas promover uma roda de samba para levar um pouco de diversão a moradores do bairro. Aí, surgiu o diferencial deles: a iniciativa cresceu rápido e passou a reunir cerca de 1 mil pessoas aos domingos, na Sede, como é conhecida a casa onde fica a Associação Comunitária Barro Vermelho, um dos locais mais tradicionais da região.
Democracia
Com um repertório de sambas autorais e algumas releituras, a roda de samba dos pagodeiros rapidamente caiu no gosto dos amantes de música da Restinga.
— E a função é super democrática. Muitas vezes, a galera que mora aqui e toca algum instrumento dá uma canja nos shows — afirma Lucas, vocalista do Samba da Velha.
Em paralelo, os pagodeiros criaram o Projeto da Paz. O evento, que, geralmente, acontece aos domingos, na Sede, conta com performances do grupo e atrações para toda a comunidade. Em função da chuva, a edição de domingo passado, que seria a décima, foi transferida para amanhã, no feriado. Tudo aberto à comunidade, de graça.
— Começa por volta das 18h, reúne muita gente. Não tem confusão, não teve uma briga desde que o projeto começou. É um lugar de encontro das famílias da Restinga — orgulha-se Lucas.
Um dos planos do grupo, que tem uma forte ligação com a Restinga Velha, é gravar o primeiro clipe, da faixa Reencontro.
— A nossa ideia é produzir um vídeo 100% da comunidade. Mostrar os lugares em que a gente começou a tocar, como o Bar do Nestor (outro tradicional ponto de encontro dos moradores do bairro) — revela Lucas.
Ainda integram o grupo Dogão (violão), Dhioguinho (cavaco), Bruno (surdo), Gogo (reco) e Andrey (rebolo).
Mauri Grando, secretário da Cultura de Canoas, fala sobre o som do grupo:
— Trabalho diferenciado de samba de roda, com bastante ginga e balanço. A sonoridade do material ao vivo perdeu um pouco em qualidade, mas ganhou em vibração.