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Estrelas da Periferia

Conheça Le Batilli, músico cadeirante que participou do Festival Rock Gaúcho

Artista do Bairro Cavalhada perdeu os movimentos das pernas em função de um linfoma, mas não desistiu da carreira.

28/11/2017 - 07h00min

Atualizada em: 28/11/2017 - 07h00min


José Augusto Barros
José Augusto Barros
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Tadeu Vilani / Agencia RBS
Le: exemplo de perseverança

Na adolescência, Leandro Batista Lima morava na Restinga, Zona Sul da Capital, e já era apaixonado por música, mas quase não tinha contato com instrumentos. Até que um de seus tios deixou um violão em sua casa.

— Acho que ele esqueceu. Vi que o violão estava só com três cordas, mas resolvi arriscar, adorava música. Comprei uma daquelas revistinhas que trazem as letras e melodias das canções e fiquei ensaiando. A primeira que tentei foi Lanterna dos Afogados, dos Paralamas, de quem sou fã — relembra Leandro, que utiliza o nome artístico Le Batilli, 30 anos, e mora na Cavalhada, atualmente.

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O tempo passou, Le foi pegando gosto pela coisa e montou duas bandas de rock na Restinga. A primeira, amadora, tocava em colégios do bairro. Já a segunda teve mais destaque, fazendo até shows em festivais do gênero na Capital. Porém, criado em uma comunidade de efervescência de ritmos, o artista queria algo diferente. Foi aí que decidiu migrar para a carreira solo, sem um gênero único.

— Antes, eu tinha uma pegada Pearl Jam. Depois, passei a misturar tudo: pagode, rock, baião. Se bobear, até funk, eu farei (risos) — afirma o músico, que completa:

— Não tenho pudor, toco o que gosto. Sempre fui fã do Pagode do Dorinho, por exemplo. Então, decidi fazer essa mistura, algo diferente.

Mudança

Há cerca de cinco anos, porém, a vida de Le mudou. Ao descobrir um linfoma intramedular (tipo de tumor na coluna), ele começou a perder os movimentos das pernas. Hoje, é cadeirante.

— Ao começar a mexer na medula, para procedimentos, isso foi acontecendo. E vou te dizer, foi complicado no começo, sempre fiz esportes, sou faixa vermelha de tae-kwon-do — diz.

Porém, com superação e força de vontade, ele passou a ver as coisas com outros olhos:

— Depois disso, fiquei mais contemplativo com tudo, sabe? Agora, presto a atenção em tudo, nas coisas mais simples. E passei a ter mais tempo para a música.

Em 2017, Le já lançou o primeiro disco de sua carreira solo, o excelente Retalhos, que tem faixas como Em Mim e Serão Meus os Teus Filhos. 

Ótima fase

Arquivo Pessoal / Arquivo Pessoal
Le, com Humberto e Duca: ídolos

Para completar a boa fase, foi selecionado para participar do Festival Rock Gaúcho, no Araújo Vianna, em setembro. Organizador do evento, Nei Van Soria foi um dos “padrinhos” de Le.

— Ele descobriu meu som pela internet. Disse para me inscrever, que eu teria boas chances. Fiquei surpreso, cara. Imagina: um ídolo conhecer teu trabalho? — relembra Le, que conheceu no festival nomes como Humberto Gessinger e Duca Leindecker:

— Humberto foi gente boa, disse que curtiu meu som. Bah, felicidade demais! — comemora Le, que deve lançar outro disco em 2018.

Pitaco:

Paulista, do grupo Samba Tri, fala sobre o som de Le:

— A voz dele me fez lembrar, por um instante, uma referência marcante do Rio Grande do Sul, Humberto Gessinger. Gostei demais. Som inovador, a batida da bateria é legal – afirma o sambista, que complementa:

— Essa mistura que ele faz, de samba e de pop, demonstra que está tentando algo diferente. Para isso, não basta só talento, tem que ter estudo e dedicação. 

Participe da seção!

— Para participar, mande um pequeno histórico da sua banda, dupla ou do seu trabalho solo, músicas e vídeos e um telefone de contato para jose.barros@diariogaucho.com.br.

— Para falar com Lê, ligue para 9855-36167.

—  No site diariogaucho.com.br/retratosdafama, confira a performance do artista.







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