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MC Jean Paul: a carreira, os momentos marcantes e os futuros projetos do "presidente do funk gaúcho"

Artista celebra 15 anos de carreira com a marca impressionante de 400 shows em 2017

18/12/2017 - 08h00min

Atualizada em: 18/12/2017 - 08h00min


José Augusto Barros
José Augusto Barros
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Divulgação / Divulgação
O "presidente do funk"

No Rio Grande do Sul, o funk tem um "presidente". Eleito por ser um dos precursores do gênero aqui, não ter letras apelativas e ter uma legião de fãs, MC Jean Paul ganhou o "cargo" de maneira natural. Em 2017, ele completa 15 anos de carreira, com uma incrível marca: até 31 de dezembro, fecha o ano com 400 shows, número impressionante até para astros nacionais. Em um ano especial para o artista, relembre a carreira do cara, momentos marcantes e conheça seus planos, que incluem até turnê nos Estados Unidos. 

Um eterno romântico

Desde cedo, Jean Paul Tyba tem ligação com o romantismo. E com a música. Celebrando 15 anos de carreira no funk em 2017, ele se apaixonou por música ainda na infância, em São Paulo, onde nasceu, ouvindo Beatles, paixão do pai, Paulo Tyba, já falecido. 

Aos 14 anos, veio para Porto Alegre, e começou a pensar mais seriamente em seguir carreira no mundo musical. Até que começou a atuar como DJ do radialista Arlindo Sassi, da extinta Rádio Cidade. 

— Depois disso, tive uma dupla de charme (estilo musical), entre 1999 e 2002 — relembra Jean, 37 anos. 

Em 2002, lançou Meu Primeiro Amor, seu primeiro sucesso. Com a canção, praticamente inaugurou, no Rio Grande do Sul, uma era de funks com letras românticas, sem apelação,  que atraíam milhares de pessoas aos seus shows. 

Marcelo Oliveira / Agencia RBS
Na festa da Farroupilha e do DG, em 2005

No começo da carreira e durante boa parte dos anos 2000, Jean Paul era uma das atrações das festas de aniversário da Rádio Farroupilha (92.1 FM e 680 AM) e do Diário Gaúcho, que levavam milhares de pessoas ao Anfiteatro Pôr do sol, na Capital. 

Incentivadora

Arquivo Pessoal / Arquivo Pessoal
A mãe é a eterna incentivadora

Uma das grandes incentivadoras da carreira foi sua mãe, Fátima Martins Costa.

— Minha mãe é uma rainha que, no momento mais difícil da nossa família, quando perdi meu irmão mais novo (em 2000), deu todo o suporte. Claro que nossa filosofia budista foi fundamental, mas lembro que, quando comecei a cantar, não tinha nenhum fã, e ela estava no meio da galera e  levantava um cartaz com meu nome. 

Os mestres 

Andréa Graiz / Agencia RBS
Serginho, o "professor"

Entre as referências de Jean Paul, estão nomes icônicos no funk, como Claudinho (falecido em 2002) e Buchecha e Sampa Crew. Além deles, o gaúcho elege como "professor", como ele define, MC Serginho, do sucesso Vai, Lacraia:

—  Hoje, eu converso com o Buchecha por WhatsApp e digo pra ele: "tu é meu ídolo". Inclusive, estamos preparando algumas músicas juntos. E me identifico demais com o Serginho, a interação que ele tem com o público é demais. Muito do que faço no palco é baseado nas coisas que aprendi com ele.

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Claudinho e Buchecha: referências

Família: base da carreira

Nas redes sociais, as fotos de Jean Paul com seu filho, Kazuki, cinco anos, fruto do relacionamento com a jornalista Milena Demaman, apaixonam fãs e quem o segue no Instagram (38 mil seguidores), Facebook (79 mil) e Twitter (12 mil). 

Arquivo Pessoal / Arquivo Pessoal
Com o fofíssimo Kazuki

— O Kazuki é a coisa mais importante que tenho na vida. Tudo que faço, metas, objetivos, tem, no final, o nome Kazuki. Quem é pai, quem é mãe, sabe o que estou falando. É um amor incondicional — afirma o pai babão.

Arquivo Pessoal / Arquivo Pessoal
O paizão baba

Mas, como Jean faz questão de ressaltar, ser um bom pai, educar e estar presente, não é fácil. Ainda mais com a rotina atribulada do músico. 

— Ser pai de verdade não é um trabalho fácil. Tenho uma jornada tripla. Passo o dia em função, decidindo detalhes da carreira, fechando shows. De noite, tenho show. E tem vezes que chego do show e ele já está acordado. Daí, a gente vai brincar e aprontar — comenta o funkeiro, que completa: 

— Mas vale a pena, pois o carinho, o amor e a sintonia que a gente tem, não têm preço.

"Era difícil mostrar que nosso funk era diferente"

Hoje és um nome conhecido na música gaúcha. Já fizeste shows no Planeta Atlântida, no exterior. O que enfrentou para chegar até aqui?

No início, discriminação. Antes de virar MC, eu já sentia isso, por já trabalhar na noite, como DJ. E também tinha a discriminação por não beber, não fumar, veja só... E existia a dificuldade natural de o funk entrar no Rio Grande do Sul, um estado mais conservador. A gente teve que fazer algumas adaptações para inserir o gênero aqui pelo fato de o funk, naquela época, ter uma linguagem muito carioca.

Quais foram as  dificuldades para conseguir fazer os primeiros shows?

Tomei muitas portas na cara, muitos "nãos". Muitas vezes, ouvia donos de casas noturnas falando: "aqui, nunca vai tocar funk". Hoje, elas tocam. Posso dizer com orgulho que sou um dos precursores do gênero aqui no Rio Grande do Sul. A realidade era muito difícil, principalmente na parte financeira. Eu trabalhava como montador de móveis em uma loja. Às vezes, faltava umas duas horas para chegar no show e não tinha como ir, não tinha carro, carona era difícil. Uma vez, cheguei de ônibus em uma casa noturna na (Avenida) Assis Brasil, com meus CDs embaixo do braço, e tinha uma fila de gente para entrar. Imagina, a atração da noite chegando de ônibus?

E hoje, olhando para a tua trajetória, o que fica?

Não tinha como imaginar que estaria nessa condição, com certeza. Claro, existia um sonho de poder viver da música. Hoje, graças a Deus, tenho meu carro, sustento toda a minha família com o funk. Na época, eu era sozinho, não tinha DJ nem produção. Hoje, gero 10 empregos diretos. O contraste (com o começo) é enorme, mas valeu a pena. Era difícil mostrar que nosso funk era diferente, que falava de amor, de energia positiva. Mas, valeu a pena. 

Genaro Joner / Agencia RBS
Animando a galera no Planeta Atlântida, em 2010

Consegues destacar alguns nomes importantes do começo da tua carreira?

Não posso falar do início sem citar o DJ Cassiá e o Mauri Grando (ex-comunicador do Grupo RBS e atual secretário de Cultura de Canoas). São caras a quem eu sou muito grato, me deram a chance de mostrar o meu trabalho. 

Quais são os teus planos para 2018 e para o futuro?

Completei 15 anos de estrada em 2017, mas a agenda não permitiu as comemorações. Cara, foram mais de 400 shows neste ano, algo muito forte. Então, se tudo der certo, gravaremos o tão sonhado DVD. Tem, ainda, o show no Theatro São Pedro, que será lindo. Já tenho shows marcados em outros estados. E uma grande notícia: já estão quase agendadas duas turnês no exterior, com shows na China e nos Estados Unidos. Falta apenas acertar alguns detalhes. 

Como enxergas o funk atualmente?

Ele vive uma outra realidade. Se eu começasse a fazer funk hoje, seria atropelado por tudo que tem aí. Minha grande sorte é que comecei há 15 anos. Por ser um dos pioneiros aqui, existe um respeito por tudo que eu fiz. Mas, claro, o funk não é bonzinho, ele mexe com muita coisa, com a realidade das comunidades, com a sensualidade do povo brasileiro, e algumas coisas que vejo por aí acabam extrapolando. 

Te referes ao funk pesadão ou proibidão?

Exato. Acho que tem algumas coisas que não são necessárias, principalmente quando faz apologia a algumas coisas. Hoje, não existe mais controle sobre muita coisa que é feita no funk. Falta responsabilidade de quem produz, de quem escreve as letras sobre que está sendo passado, principalmente para as crianças, para o pessoal mais jovem. A galera que é maior de idade já sabe o que é certo e o que é errado. Os pequenos, não.

Nunca surgiram propostas, ou pensaste em entrar em outros estilos do funk além do romântico que costumas tocar, tipo "ostentação" ou "proibidão"? 

Várias vezes as pessoas me perguntam isso. Talvez, se eu tivesse feito, estaria melhor de dinheiro. Não que esteja mal, não tenho do que reclamar. Mas tem cara que vem de fora e ganha um "balaio" de dinheiro fazendo um funk que eu não faço. O meu não é da modinha, mas eu estou completando 15 anos de carreira. Acho que é a melhor resposta. Tenho uma legião de fãs. Tenho mais de 200 meninas que tatuaram meu nome. E não vou mudar. Agradeço aos meus fãs, tenho quatro fã-clubes oficiais. 

Arquivo Pessoal / Arquivo Pessoal
Fã marcou o amor pelo ídolo na pele

E essa relação de amor que tuas fãs tem contigo? É uma coisa impressionante...

Eu acho que é porque a gente tem uma verdade com eles, e minha música influenciou a vida deles de maneira positiva. Jovem, funkeiro, um cara de família. 

E as fãs perguntam como está o coração?

Fui casado com a Milena Demaman durante sete anos. Estamos separados há um tempo. Nossa relação de amizade segue para sempre, pois temos a coisa mais preciosa, que é o Kazuki. Mas pode avisar a galera: estou na pista (risos)!

Alguns momentos marcantes do funkeiro 

Em 2005, estoura o primeiro hit de Jean, Meu Grande Amor. Nos shows, hoje, ele entrega flores para a plateia quando canta a música:

— Mas não é igual o Roberto Carlos (risos). Eu dou flor na mão de cada uma, é o ápice do show. 

Em 2007 – Em um show marcante, subiu ao palco do Theatro São Pedro, em um show de funk com orquestra, algo inédito na história do local. 

— Foi algo que impactou, repercutiu em todo o país. 

Luiz Armando Vaz / Agencia RBS
Funk e música clássica: quem diria?

Participou de oito edições do Planeta Atlântida. Em uma delas, em 2010, esteve no palco principal:

— Aquele palco é a seleção da música brasileira.

Em 2008, o gaúcho atravessou o mundo e fez show no Japão, em um festival.

— Foi um divisor de águas na minha carreira. Ali, eu vi que, se tu tiver a intenção de tocar o coração das pessoas, consegue, em qualquer lugar do mundo  — relembra.

Ver Descrição / Arquivo Pessoal
Talento gaúcho no Japão

Em 2015, fez uma inusitada apresentação em Ibiza, na Espanha, em um casamento realizado em um barco de luxo, em alto-mar.

— Foi o casamento de dois gaúchos que são nossos fãs. O noivo fez uma surpresa para ela — relembra Jean.

Reprodução / Facebook
Em Ibiza, no casamento dos fãs




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