Ninguém gosta, ninguém quer. Se for no meio das férias, nem se fala. Só que a chuva não liga pras nossas vontades. Ela decide e vem. A gente finge que não viu o céu escurecendo, as nuvens carregadas, acha que é apenas ameaça. De repente, que correria pra fechar as janelas, tirar a rede e a roupas penduradas. Se for um toró, vai molhar muito. O banco da bicicleta vai ficar encharcado. Idem com as cadeiras do pátio. E, quando terminar de recolher a última coisa, já parou de chover.
Alagou a rua? Faz parte. Pingou em algum lugar dentro de casa? Provavelmente. Mas até que enfim refrescou! As plantas, a grama e as árvores agradecem. A gente se sente um pouco mais adulto quando sabe reconhecer o valor de uma chuva de verão. Não precisa ser tormenta, o céu jogando água de balde. Melhor se for uma chuva mansinha, daquelas que te embalam na hora de dormir. Como falei antes, não é a gente que escolhe. Amanhã é outro dia, e vai dar praia.
Poça d'água
Por que não imitar as crianças, que se divertem até com chuva? Elas enfiam o pé na poça d'água, sujam a roupa e acham a maior graça. Enquanto isso, a gente reclama. Não seria mais legal jogar cartas? Fazer bolinhos de chuva? Ler aquele livro que tá parado na mesa de cabeceira? Conversar enquanto passa o tempo? Ouvir o barulho da chuva e dos sapos? Às vezes eu me pergunto em que idade a gente perde a capacidade de ver a vida de um jeito mais positivo.
Nossa reação automática é problematizar. O que sobra pra quem realmente sofre com as chuvas fortes de verão? O pessoal de Santa Catarina ainda não se recuperou. Isso sim é um problema. Escrevi essa coluna num dia chuvoso de férias. Em vez de ver o lado ruim, aproveitei pra relaxar. Antes também corri pra recolher tudo e fiz a vistoria dentro de casa. Qual foi a última vez que você se permitiu curtir a chuva? No trânsito, ela atrapalha. Na estrada é um perigo. Na praia e na santa paz é uma delícia.