Coluna da Maga
Magali Moraes escreve sobre o vínculo que uma casa cria
Cada um tem a casa que pode ter, e isso não é impedimento pra cuidar direitinho dela. Independente do endereço ou da quantidade de metros quadrados, a gente escolhe que tipo de relação quer ter com a própria casa. Só funcional (ou seja, ter onde comer, dormir e tomar banho) ou pertencer de fato àquele espaço. Deixar cada cantinho com a sua cara. Ter prazer verdadeiro em estar ali. Enxergar nas paredes, móveis e enfeites parte da sua história. É mais dedicação do que cartão e prestação, entende?
Nos 15 dias em que fiquei na praia, eu redescobri a minha casa. E me apaixonei de novo. Nessas horas, a gente se pergunta por que vai tão pouco lá durante o ano. Preguiça ou desconexão com o lugar? Acontece nas melhores famílias. Pensa numa casa pequeninha, mas cheia de cor e de vida! Onde cada detalhe foi pensado pra alegrar a alma. Consegui descansar, fazer melhorias que estavam pendentes, curtir aquela paz. E me senti realmente em casa, sem parecer uma visitante eventual.
City tour
Agora voltei, e meu filho ficou lá. Pela primeira vez, foi nomeado O Dono Da Casa. Cheio de responsabilidades que a liberdade conquistada traz. Também, pela primeira vez, ele prestou atenção no city tour que fizemos antes de sair. Aquele abrir e fechar de armários mostrando onde ficam as coisas. Foi apresentado ao gás e ao disjuntor. Ficou encarregado de molhar a grama e as plantas. Tirar as redes da rua se chover (e tirar o lixo no horário certo). Em bom português, se virar pra manter tudo nos trinques.
Além de cumprir o combinado, espero que ele sinta (um pouquinho que seja) a tal diferença entre morar e pertencer. Isso vem com o tempo, mas são oportunidades como essa que aceleram o processo. O vínculo de uma família não se faz só pela proximidade física, mas também pelo mesmo apreço aos espaços que dividimos. Esse verão vai ficar marcado na nossa memória. Quem sabe surge aí mais um caso de amor com a casa.