Perseguição?
Por que o "BBB 18" só teve mulheres eliminadas até agora?
Nayara foi a quarta representante do time feminino a deixar a disputa
O BBB 18 teve quatro paredões até agora. Na primeira semana, Mara enfrentou Ana Paula e acabou deixando a disputa. A berlinda seguinte teve Gleici, Mahmoud e Jaqueline, e a biomédica de Rondônia foi eliminada. Depois, foi a vez de Paula, Família Lima e Ana Paula disputarem a preferência do público, culminando com a saída da bruxa de Santa Catarina. Na última terça-feira (20), mais uma mulher caiu fora do jogo: Nayara saiu com recorde de rejeição ao enfrentar Gleice e Mahmoud. E qual foi o único elemento em comum em todos os paredões desta edição? Apenas mulheres foram eliminadas da casa.
Nas redes sociais, alguns suspeitam de perseguição e sexismo – já que, fora Ayrton (Família Lima) e Mahmoud, somente mulheres foram indicadas. Outros acham exagero acusar os brothers de estarem eliminando mulheres propositalmente. É difícil saber a real intenção dos participantes em suas escolhas de afinidade dentro da casa, mas é inegável que, desde o primeiro dia, o famoso "time dos cuecas" tomou forma. Diego, Lucas, Wagner, Viegas, Caruso e Breno se fecharam em uma aliança difícil de abalar. Mahmoud até chegou a circular no meio deles, mas surgiu como opção de voto por vetar boa parte do time em uma prova do líder. Patrícia talvez seja a única mulher da casa que não receberia o voto imediato da maioria dos homens em uma escala de afinidade – ela sempre foi muito próxima de Diego.
Essa aliança logo no início do programa acabou ditando o ritmo do jogo. No lado oposto, sobraram praticamente só mulheres como opção de voto. Intencional ou não, as armas estão apontadas, e os alvos são, basicamente, o time feminino e Mahmoud. A coincidência nas eliminações chamou atenção de Ayrton, o veterano no BBB 18. "Se as mulheres não se ligarem, isso aqui vai ser festa só de homem", disse o brother em conversa com a filha, Ana Clara, e Gleice. "Estranho isso, né? Porque as mulheres são as mais inteligentes daqui", comentou Ana Clara. "Se não perceberem, dançam", completou Ayrton.
Talvez Ayrton nunca tenha falado algo tão sábio no programa. Se a sororidade não rolar já, o BBB 18 vai se transformar em uma casa essencialmente masculina. E não é por carisma dos meninos na vida real, mas como resultado da estratégia dos jogadores, visto que os queridinhos do público até agora parecem ser Ana Clara, Gleici e Mahmoud – o único homem que conquistou uma torcida consistente fora do programa.
Em quase duas décadas de BBB, sete mulheres venceram o reality, enquanto 10 homens levaram o prêmio. A primeira representante do time feminino a ganhar foi Cida, na quarta edição. Depois do discurso polêmico de Tiago Leifert sobre representatividade no último paredão, quando o apresentador disse que "representatividade não leva a nada", é importante frisar que é sim, muito importante, ver pessoas levantando diferentes bandeiras no programa. Seja do feminismo, do movimento LGBTQ, da periferia, dos direitos humanos ou de outros grupos formados por minorias.
Garantir a diversidade no reality show mais longevo da TV, sucesso de audiência, é necessário para se fazer o debate fora da tela. O respeito e a tolerância são construídos com muito bate-papo e gente extremamente diferente aprendendo a conviver junto. Afinal, já esqueceram que, no última edição do reality, se discutiu até violência contra a mulher por meio do relacionamento entre Marcos e Emilly? O BBB também traz debates essenciais para o almoço de domingo.
Os próximos passos são imprevisíveis, pois o jogo na casa muda todos os dias. Um veto, uma liderança, um anjo, um Big Fone ou uma treta podem trazer novos rumos ao BBB 18. E tomara que o caminho mude.