Estrelas da Periferia
Mistura de gospel, hip hop e suingue: conheça Elsom Matteus, do Morro Santana
Músico, que começou no pagode, migrou para o gospel e imprime um estilo inovador.
Na infância, Elsom Matteus teve a sua paixão pela música despertada pelo avô já falecido. Seu José, que era sargento da Aeronáutica, tocava na Banda Municipal de Porto Alegre, e uma das diversões do neto era visitá-lo para entrar naquele mundo musical mágico. Hoje, o músico mora na casa onde o avô vivia, no Morro Santana, na Zona Leste da Capital.
— Sempre que eu vinha de Viamão para cá, ficava curioso com aqueles papéis rabiscados, que eram as partituras. E comecei a me interessar por música. Mas, enquanto ele tocava instrumento de sopro, eu acabei aprendendo os de percussão, responsáveis pelo meu começo no samba, Isto, por conta própria — relembra Elsom, hoje com 28 anos.
Desvio de rota
A habilidade do adolescente chamou a atenção de amigos em Viamão, até que ele formou o grupo de pagode Tô Chegando, no ano de 2008.
— Mas, mesmo empolgado com as mudanças na minha vida, vi que o pagode do Rio Grande do Sul tinha muitos altos e baixos — comenta Elsom, que era vocalista da banda.
Para tentar levantar o grupo, os músicos decidiram inscrever a banda no concurso musical Chance - Etapa Pagode, que era promovido pelo Diário Gaúcho. Em 2010, Tô Chegando venceu o Chance. Mas, ao mesmo tempo, curiosamente, a vida de Elsom começava a se aproximar da música gospel.
— Algumas portas se abriram, mas a noite é complicada, existe uma linha tênue do que é certo e do que é errado. Cometi excessos, a minha família confiou muito em mim, não pensou que, com o dom que eu tinha, podia me perder — reconhece.
Nos anos seguintes, o músico sentiu que precisava mudar de vida e decidiu migrar para a música gospel. Porém, queria aproveitar toda a bagagem que tinha adquirido no pagode. Daí, em 2014, começou a investir em uma espécie de suingue gospel, que mistura elementos de rhythm and blues, suingue e batidas de hip hop. No mesmo ano, entrou para a Igreja Aspirantes de Cristo, com sede no Morro Santana.
— Gosto muito do estilo do louvor norte-americano, me inspiro no Kirk Franklin (cantor de hip hop gospel, destaque do gênero). Quero misturar o suingue brasileiro com o rhythm and blues dentro da música gospel — explica.
Na igreja, além de cantar em uma banda que tem mais nove integrantes no estilo da música gospel norte-americana executada em cultos e celebrações, ele é voluntário do projeto Aspirantes de Cristo.
Inovar é preciso
A iniciativa trabalha com adolescentes da região.
— Lembro que muitas coisas ruins me aconteceram dos 11 aos 16 anos, bem na adolescência. Nos cultos, eu compartilho com jovens as minhas experiências, de honrar os pais, falar "não" para as drogas, para as bebidas. Este mundo já está tão complicado, né? — afirma o músico.
Em paralelo, ele toca a sua carreira solo com o projeto Elsom Matteus e Banda, que coloca em prática o sonho de misturar suingue com black music e rhythm and blues, tudo dentro do universo gospel.
Entre as faixas que pretende lançar em um disco gravado ao vivo, estão Tá Tudo Bem e Dias Melhores. Com a experiência na igreja, ele conta que, além de se afastar das más influências, se aperfeiçoou no mundo da música:
— Hoje, canto, toco teclado e violão e até arrisco na bateria!
Pitaco de Quem Entende
O produtor artístico Adriano Brasil fala sobre o trabalho de Elsom:
— Muito inovador! Lembro do Elsom na época do Tô Chegando. Muito interessante ele sair da linha tradicional da música gospel e usar elementos de hip hop e do rhythm and blues. Isto será um diferencial para a carreira dele. Além disso, tem uma excelente voz, acredito que tem muito futuro.
— Para falar com Elsom Matteus, ligue para 99198-5108.