Papo Reto
Manoel Soares: "Nossos dedos tocam mais telas do que peles"
Colunista defende que os pais controlem o tempo que seus filhos passam no celular
Nossos dedos, hoje, tocam mais telas do que peles. Perdemos mais tempo com a tela do celular do que com os olhos de quem amamos. Todos temos mil justificativas para ficar vidrado nas redes sociais, mas a verdade é que estamos começando a viver os impactos dessa "febre".
Muitos relacionamentos acabam, filhos e pais mal se conhecem de tanto que ficam grudados nas telinhas. Dizer a um menino de 15 anos que ele vai ficar sem telefone, atualmente, virou uma espécie de ameaça. As crianças, às vezes, preferem o celular a brincadeiras que envolvem o corpo. E nós, os adultos, somos coniventes com essa realidade.
Talvez, agora, nossos pequenos não gostem, mas estabelecer limites para o tempo que ficam na tela é uma urgência de nossa vida. É importante lembrar que crianças também aprendem pelo exemplo. Não adianta exigir que eles deixem as telas se nós não temos tempo para olhar para eles.
Vício
Celular não é brinquedo, celular não é babá. Esquecer disso pode comprometer até a saúde e a educação de nossos filhos. Pesquisas comprovam que quem fica tempo demais nas telas desenvolve síndromes que dificultam o acesso a conhecimento. O vicio em celular já é considerado uma dependência, assim como as drogas.
Apesar de falarmos com orgulho que nossos bebês já colocam o dedo na tela antes de falar, isso é uma prova que nós estamos mexendo no telefone na frente deles, estamos aproximando eles de um possível vício. Aí, eu pergunto: você fumaria ou beberia na frente de um bebê? O mesmo cuidado se exige quando falamos de nossos pequenos.
Hoje, pode parecer exagero, mas, em alguns anos, vamos ver que, assim como o cigarro e a bebida alcoólica, em breve, os anúncios de celular e internet virão com orientações para a saúde. Minha dica é: vamos usar nossos dedos para tocar peles e nossos olhos para olhar pessoas.