Estrelas da Periferia
Conheça o músico da Bom Jesus que teve a parceria de Tonho Crocco em seu disco de estreia
Léo Monassa, 25 anos, se criou no meio musical e conta que tipo de ritmo saiu dessa mistura que influenciou a sua trajetória.
Desde pequeno, Léo Monassa, 25 anos, tem a música de maneira intensa em sua vida. Nascido no bairro Bom Jesus, ele começou a gostar de vários sons por influência do avô, João Gilberto, que passava os dias ouvindo discos de samba e choro. Enquanto isso, a avó, Neli, era apaixonada por música clássica, fechando a combinação perfeita para criar um jovem talento da música.
— Em nossa casa, rolavam reuniões musicais, e eu já estava exposto à prática musical sem nem ter consciência. Quando eu tinha três anos, a minha mãe (Marlise) se casou com um músico (Anatã Ruiz), completando o ambiente musical — relembra Léo.
Hoje, ele mora em Cidreira, no Litoral Norte. E mistura soul com ritmos tipicamente brasileiros, como samba-rock e MPB.
Democrático
A mescla do seu som surgiu muito pelo fato de ele ter sido criado em um ambiente diverso como a Bom Jesus, no meio de sambistas, de rappers e de funkeiros.
— Na minha casa, vinham punks, hippies, gente muito diferente. Mas todos com muita música em comum. Isto foi forjando a minha musicalidade. A Bonja é uma escola, suas ruas são musicais. Depois de muito bater latas e criar instrumentos de madeira, com dez anos, ganhei o meu primeiro violão — destaca.
Culpa no cartório
Em poucos meses, ele já estava tocando e se apresentando na sua escola ao lado de amigos, quando formaram a primeira banda, batizada de Freguesia do Ó. Com ela, tocava MPB, rock e pop. Influenciado por nomes históricos da música gaúcha, como Luis Vagner, Bedeu (1946 — 1999) e, principalmente, Tonho Crocco, Léo ganhou alguns festivais de música estudantil até começar a pensar de maneira mais séria em gravar o seu primeiro álbum.
Alertado pelas dificuldades do mercado, passou os último cinco anos pensando e produzindo o seu primeiro trabalho, "exatamente da maneira como imaginava".
Para que a história fosse completa, o seu álbum tem a participação especial, justamente, de um seus ídolos - Tonho Crocco - na faixa Desaguou.
O disco ainda conta com as participações de François Muleka e de Roger Corrêa:
— Tonho Crocco tem uma "baita culpa no cartório" nessa história toda (de Léo ter seguido no mundo da música). Quando ele lançou o seu trabalho solo, eu tinha uns 16 anos. Aquilo "rachou a minha cabeça"! De algum jeito, o trabalho do Tonho expressava as coisas de uma maneira com a qual eu me identificava.
No dia 14 deste mês, em um dos principais palcos porto-alegrenses, o Teatro Renascença, Léo fez o lançamento do disco.
— Foi lindo! Muita gente, muita emoção e paz de espírito por ter concretizado mais uma etapa — comemora o músico, incansável:
— Como estou morando em Cidreira atualmente, ando na luta por melhores condições para a cultura da nossa cidade. Infelizmente, o poder público não olha para o que está aqui. Estou levando o meu trabalho para vários lugares. E a cidade onde eu moro fecha os olhos.
Pitaco
Martin TJ, da 92 (92.1 FM), fala sobre o som de Léo:
— Essa música (Desaguou) matou a pau! Muito boa, é bem-produzida, com participação luxuosa do Tonho Crocco. Lembra o Tim Maia (1942 - 1998) nos seus bons tempos, soul music de primeira qualidade. Tem muito futuro se surfar nesta onda.
E, claro, se profissionalizando sempre.
— Para falar com Léo, ligue para 99518-6916.
— Se quiser participar da seção, mande um pequeno histórico da sua banda, dupla ou do seu trabalho solo, músicas e vídeos e um telefone de contato para o e-mail jose.barros@diariogaucho.com.br.