No olho do furacão
O ódio destilado nas redes não traduz o que essas pessoas são, diz Fernanda Lima
Em entrevista exclusiva, apresentadora falou sobre os ataques que sofre por defender minorias e discutir tabus no "Amor e Sexo"
A gaúcha Fernanda Lima está no olho do furacão – é alvo constante de críticas daqueles que se opõem às bandeiras que decidiu levantar contra o racismo, o machismo e a homofobia. Trabalhando desde os 14 anos como modelo, depois como apresentadora de vários programas, aos 41 anos ela enfrenta um tsunami de ódio por conta de seus discursos no Amor & Sexo, que encerrou a sua 11ª temporada na semana passada, marcada pelo debate de causas polêmicas.
Bonita, rica, bem-sucedida, casada com "o homem perfeito" – o apresentador Rodrigo Hilbert –, mãe dos gêmeos Francisco e João, 10 anos, por que a guria não deixou para lá as injustiças sociais e foi curtir a fama? É o que a porto-alegrense conta em entrevista exclusiva à revista Trip de dezembro.
– Minha vida mudou quando me dei conta dos meus privilégios, e nem sempre isso foi óbvio. Sou branca, sulista, heterossexual... São muitos lugares de privilégio. Sei que a vida de todo mundo tem desafios, mas, quando tu entras num restaurante e percebe que quem está te servindo é sempre um negro, quando tu estás em um grupo, e todo mundo faz piada de gay, quando tu sacas que tem mulher falando e homem desconsiderando a opinião dela, a coisa muda – explica.
Mesmo levando críticas de todos os lados, por ser posicionada politicamente, Fernanda vê as mensagens de ódio por outro prisma:
– Sinto tristeza. Entendi que ódio é um tipo de afeto, um afeto violento, que resiste aos fatos e à transformação. Não acredito que o ódio destilado nas redes traduza o que essas pessoas são. Se pudesse, chegaria a cada uma dessas pessoas, daria uma abraço e diria: "Não tenha medo, somos irmãos". Não foi isso que Cristo ensinou? Então, por que estamos brigando contra a felicidade do outro?
O bombardeio que mais ouve é em relação a viver fora do Brasil.
– A maior acusação é: "Luta pelas minorias, mas tá morando nos Estados Unidos". Pois é, estou morando nos Estados Unidos, e este sempre foi um projeto de vida do Rodrigo e meu. Queria ter a experiência de levar meus filhos à escola e ser anônima – esclarece à Trip.
Mas a apresentadora jura que não se arrepende um milímetro de ter se posicionado:
– A gente está falando de coisas que precisam ser faladas – garante.