Noveleiros
Michele Vaz Pradella: "Serro Azul parou no tempo?"
Na novela "O Sétimo Guardião",tudo toma uma proporção desmedida — e que não condiz com a realidade
Qual é o problema se o delegado usa calcinha? Por que ser contra a inseminação artificial se um casal não pode ter filhos? Meninos não podem dançar? Meninas são proibidas de fazer artes marciais? Na novela O Sétimo Guardião, estes e outros "dilemas" são alardeados com ares de polêmica. Tudo, em Serro Azul, toma uma proporção desmedida — e que não condiz com a realidade.
A trama de Aguinaldo Silva parece ter parado no tempo. Pior do que isso, já que nem novelas de época têm o falso puritanismo dos personagens da trama das nove. Soa estranho que o fetiche de uma autoridade policial, por exemplo, seja visto como "anormal". Por outro lado, uma irmandade que protege uma fonte mágica é um fato corriqueiro. Maldições que transformam gente em gato, então, são supercomuns na cidade.
Guardiã da maldade
O realismo fantástico, tão alardeado no início da história, perdeu espaço para questões menores, como o discurso de Mirtes (Elizabeth Savala), que se julga "guardiã da moral e dos bons costumes". Se bem que, neste caso, a personagem não está tão distante da vida real.