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Produção agrícola

Bela Gil diz que nova classificação de agrotóxicos relativiza a toxicidade: "Veneno é veneno"

Em entrevista ao Timeline, deputado federal Alceu Moreira (MDB-RS) diz que é preciso diferenciar o que é risco de perigo 

25/07/2019 - 09h33min


Bruna Buatim / Divulgação

A nutricionista e apresentadora Bela Gil falou nesta quarta-feira (24) sobre o novo marco regulatório para a avaliação de risco de agrotóxicos, anunciado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) na terça (23). As mudanças na classificação de agrotóxicos vão aparecer nas embalagens dos pesticidas e servir para orientar os agricultores na hora de usá-los. Os fabricantes terão um ano para se adaptar. 

Em entrevista ao programa Timeline, da Rádio Gaúcha, a chef de cozinha, que já liderou um movimento contra o uso de pesticidas em lavouras, disse que a medida afasta o debate do que realmente importa: a qualidade do alimento que chega ao prato do brasileiro e de que forma isso impacta na saúde de quem consome:

– A questão da rotulagem é muito mais visada para as pessoas que trabalham diretamente com agrotóxicos, como os produtores. Então acho que por um lado pode ser bom, mas por outro é muito ruim, porque a toxicidade fica mais relativizada. Aqueles produtos que eram supertóxicos vão ganhar uma rotulagem mais branda. E isso me preocupa, porque veneno é veneno.  A gente precisa entender no que a gente está mexendo. A gente não deveria estar colocando isso na nossa comida – sustentou a escritora, que é   adepta da culinária natureba.

Bela ainda levantou os perigos de se ingerir a substância:

– A questão é que a gente está consumindo agrotóxicos de maneira crônica. O brasileiro em média consome 5 litros de agrotóxicos por ano. A médio e longo prazo, isso causa vários problemas, como já foi comprovado. É preciso criar alternativas em relação à plantação e um dos caminhos é através da reforma agrária e do incentivo à agroecologia, com um método de produto sem veneno e que se cultive vários tipos de culturas num mesmo lugar. isso aumenta a produtividade.

A questão é muito mais política. A gente sabe que o agronegócio é um setor muito forte na nossa economia, representa grande parte do PIB nacional, só que isso tudo o custo do bem-estar da sociedade e do meio ambiente"

BELA GIL

nutricionista e apresentadora

Na opinião dela, são necessárias políticas públicas para reduzir o uso de agrotóxicos nas plantações:

– A questão é muito mais política. A gente sabe que o agronegócio é um setor muito forte na nossa economia, representa grande parte do PIB nacional, só que isso tudo o custo do bem-estar da sociedade e do meio ambiente.

Ouça a entrevista com Bela Gil no TimeLine na íntegra:

Em contraponto, o deputado Alceu Moreira (MDB) explicou o que é o formato chamado de GHS (nome da sigla em inglês que indica Sistema Global de Classificação Harmonizado), padrão indicado pela ONU e adotado em 53 países e que serve também para outros produtos químicos. Segundo ele, trata-se de uma medida para "modernizar o sistema de leitura".

– Aqueles (agrotóxicos) que não poderiam ser usados, porque oferecem risco à saúde, continuarão sem poder ser usados. Na rotulação, utilizando uma norma internacional, ao invés de colocar "perigo" em letra vermelha, vai dizer "risco" com letra vermelha, e vai dizer também em que condição esse produto oferece risco. Tecnicamente, é absolutamente correto – acrescentou.

Questionado sobre as doenças que podem ser provocadas pelo uso de agrotóxicos, o presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária sustentou, mais de uma vez, a importância de diferenciar "o que é risco e o que é perigo" nesses casos:

O mau uso, o uso inadequado, o uso excessivo, causa problemas. Aliás, o uso de remédios, se a dose não for correta, causa problemas. A classificação de risco e perigo é o que tem que ser definido.

ALCEU MOREIRA

deputado federal (MDB-RS)

– O mau uso, o uso inadequado, o uso excessivo, causa problemas. Aliás, o uso de remédios, se a dose não for correta, também causa problemas. A classificação de risco e perigo é o que tem que ser definido. Andar de carro é um risco, mas o carro não é um perigo. Se o produto for utilizado em doses erradas e manuseado de maneira equivocada causa problemas – exemplificou o parlamentar.

Ouça a entrevista com Alceu Moreira no TimeLine na íntegra:





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