Noveleiros
Michele Vaz Pradella: O retrato do machismo nas novelas atuais
Na vida real ou na ficção, infelizmente, ainda existem homens que agem como se vivessem em uma novela de época
A fase atual de Éramos Seis retrata a sociedade de 1920, época em que as mulheres não tinham voz, viviam para os maridos e para os filhos, não trabalhavam fora nem votavam — no Brasil, o voto feminino só foi permitido em 1934. Na trama das seis, Júlio (Antonio Calloni) é o típico homem de seu tempo, rígido com a mulher e com as crianças, do tipo que se acha no direito de passar noitadas regadas a bebida e mulheres, já que "trabalha feito um burro de carga". Enquanto isso, Lola (Gloria Pires) tem a obrigação de manter a ordem na casa.
Ainda bem que esse tipo de comportamento ficou no passado, não é? O século é outro, mas algumas coisas permanecem iguais. Em A Dona do Pedaço, que se passa nos dias de hoje, Otávio (José de Abreu) passou décadas traindo Beatriz (Natália do Vale). A esposa, sabendo das escapadas do marido, aguentou tudo calada.
Direitos iguais?
Em Bom Sucesso, o "machista raiz" também está presente. Ramon (David Junior) achou um absurdo quando Paloma (Grazi Massafera) voltou a trabalhar para os Prado Monteiro sem a aprovação dele, e Diogo (Armando Babaioff) engana a esposa, Nana (Fabiula Nascimento) com Gisele (Sheron Menezzes), mas não admite que a amante se divirta com outros homens. Na vida real ou na ficção, infelizmente, ainda existem homens que agem como se vivessem em uma novela de época.