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"Amor de Mãe" mostra que o destino é o grande vilão da história

O primeiro capítulo da trama de Manuela Dias entregou uma história sofrida, mas impactante

26/11/2019 - 10h29min

Atualizada em: 26/11/2019 - 10h36min


Michele Vaz Pradella
Michele Vaz Pradella
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João Cotta / Globo

"Tudo na vida é incerto, menos o amor de mãe". O destino, implacável, nos traga para dentro de situações que, na maioria das vezes, não conseguimos evitar. Seja uma doença incurável, a impossibilidade de realizar um sonho ou os dilemas éticos da profissão, há coisas mais cruéis do que os piores vilões de novela.

Manuela Dias deu o pontapé inicial em Amor de Mãe sem pena do telespectador. Afinal, a vida real não nos dá tempo para respirar entre um revés e outro. E se, na trama anterior, a violência gratuita se apresentou diante do público, agora a situação é bem diferente. Tudo o que foi mostrado na estreia da nova novela tinha razão de ser. 

Estevam Avellar / TV Globo

Sem didatismo, a autora passeou entre os anos 1990 e os dias atuais naturalmente. Não foi preciso legenda para entendermos que Lurdes (Regina Casé) teve seu filho vendido pelo próprio marido anos atrás. Uma Lucy Alves impecável assumiu o papel da mãe sofredora em flashbacks, um recurso que aqui foi mais do que necessário para explicar a mulher que estava diante do telespectador contando sua história.

João Cotta / TV Globo

Aliás, os recursos encontrados pela direção ao apresentar os personagens caíram como uma luva. Lurdes se postou diante de Vitória (Taís Araujo) para uma entrevista de emprego. A advogada, em busca de uma babá para os filhos que ainda viria a ter, descortinou seu drama de ter perdido um bebê quase no fim da gestação. Nas lágrimas de Vitória, ficou evidente o dilema ético entre a vida pessoal e a questionável atuação profissional.

Victor Pollak / TV Globo

Mais tarde, Lurdes socorreu Thelma (Adriana Esteves), que em poucos minutos viu sua vida desabar depois de um diagnóstico fatal. A terceira mãe da história tem no único filho, Danilo (Chay Suede) a razão de tudo. Agora, terá que prepará-lo para viver sozinho.

João Cotta / TV Globo

Nem só de dramas e sofrimento se fez o primeiro capítulo. Camila (Jéssica Ellen) emocionou e deu uma lição de esperança em seu discurso de formatura. A grande homenageada não poderia ser outra: Lurdes, a mãe que batalhou para sustentar sozinha seus quatro filhos. E não é esta a realidade de milhões de mulheres como ela? 

Isabella Teixeira / TV Globo

Que acerto de escalação colocar lado a lado três atrizes viscerais como Regina Casé, Taís Araujo e Adriana Esteves. Como passamos tanto tempo — quase 20 anos — sem ver Regina em novelas? Adriana consegue imprimir um jeito único a cada personagem, sem pistas dos tipos anteriores. Quanto a Taís, será fácil para muitas mulheres se identificarem com ela. O mais interessante é que as heroínas dessa história são falíveis, têm suas características questionáveis, mas estão em busca de acertos. Não é assim a vida?

Da estreia, ficaram algumas certezas. Uma delas é de que o público ainda vai se identificar com muitas das situações ficcionais — mas nem tanto. Na cena que fechou o capítulo, a lição que muitos de nós aprendemos ao longo das adversidades: quando tudo parece perdido, "a mãe tá aqui". Lurdes abraçou Magno (Juliano Cazarré) da mesma forma que o público abraçou essa novela. Com certo sofrimento, é claro, mas com a certeza de que amor de mãe nunca é incerto.

TV Globo / Reprodução



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