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De vilão a mocinho

"Ele se transformou pela aceitação de si mesmo e pelo amor", diz Malvino Salvador sobre o Agno de "A Dona do Pedaço"

De início ganancioso e sempre preocupado em levar vantagem, personagem tornou-se menos mesquinho com a chegada de Leandro (Guilherme Leicam)

20/11/2019 - 08h36min


Júlio Boll
Júlio Boll
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Victor Pollak / Globo
Interpretado por Malvino Salvador, Agno se redimiu na trama de Walcyr Carrasco

Na reta final de A Dona do Pedaço, novela das nove que terá seu último capítulo exibido nesta sexta-feira (22), estão previstos cinco casamentos. Entre eles, o de Agno (Malvino Salvador) e Leandro (Guilherme Leicam), casal gay que se encontrou de modo inesperado na trama de Walcyr Carrasco.

Agno é um empresário que rompeu com Lyris (Deborah Evelyn) e revelou a verdade: é homossexual  e levava uma vida dupla. De início ganancioso e sempre preocupado em levar vantagem, o personagem tornou-se menos mesquinho com a chegada de Leandro, um ex-justiceiro que largou as armas para trabalhar como faxineiro em uma academia. Entre treinos e atividades físicas, os dois se cruzaram e ganharam o carinho dos espectadores, que esperam ver um beijo do casal nas últimas cenas da novela.

Em entrevista ao GaúchaZH, Malvino fala sobre as mudanças de Agno na trama e o sucesso de audiência de A Dona do Pedaço.

O que foi mais desafiador na construção do Agno?

Me diverti muito com o personagem. Em novelas e séries, onde a narrativa pede clímax, embates, romances, os personagens erráticos, dúbios e marginais são saborosíssimos. O arco dramático do Agno foi muito interessante. Ele se transformou pela aceitação de si mesmo e pelo amor, e busquei interpretar sem estereotipá-lo.

De onde acha que vem esse instinto do Agno de querer sempre sair por cima?

O Agno veio de um nível social mais baixo e se tornou bem-sucedido por mérito próprio. Ele se sente poderoso nesse sentido. Comanda uma empresa gigante. Esconder sua sexualidade por tanto tempo é um recalque muito grande. Esse ar de superioridade pode ter sido uma defesa e canaliza a energia exibindo sua autoconfiança.

Você acha que o casal Leandro e Agno faz sentido? Eles devem ficar juntos?

O Agno está experimentando o amor pela primeira vez. É uma história muito bonita, pois o Leandro ensinou o Agno a ser mais generoso. Acho que tem tudo a ver!

Qual a importância na dramaturgia de ver um casal gay na novela das nove? Como se sentiu diante desse papel?

É o produto de mais visibilidade do país. Atinge todas as classes. A dramaturgia tem o poder de explorar um contexto pelos sentimentos e penetrar no coração das pessoas. Assim, pode espelhar e empoderar aqueles que passam por situações semelhantes e também sensibilizar o espectador.

Paulo Belote / Globo
Agno ao lado de Fabiana (Nathalia Dill): embates até o último capítulo

O que mais te incomoda na Fabiana (personagem de Nathalia Dill)? Qual é a pior característica dela?

A soberba. Mas a Fabiana, dentre os pecados capitais, só não tem a preguiça. É um ser desprezível! Parabéns a Nathalia que não censurou a personagem e arrebentou na atuação!

Por que você acha que o Agno insistiu tanto em tentar algo com o Rock (personagem de Caio Castro)?

O Agno tem uma sexualidade aflorada. Enquanto não tinha encontrado um parceiro duradouro, a válvula de escape era sair com os caras. O Rock foi uma atração explosiva e, como ele não cedia, virou fetiche conquistá-lo. No fim, o Rock se tornou um grande amigo.

Por que A Dona do Pedaço fez tanto sucesso?

Muitos fatores contribuíram para o sucesso. Apostou nos ingredientes fundamentais do gênero, teve uma trama muito rica e impactante logo nos primeiros capítulos. O melodrama e o humor couberam muito bem no enredo. As escolhas da direção e dos atores foram hábeis, com cada núcleo formado por personagens e tramas muito interessante. Foi ágil e divertida, enfim... Um sucesso!


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