Música
"Até então, só Roberto Carlos vendia mais de um milhão de discos", diz Amado Batista, que comemora 44 anos de carreira
Cantor romântico lança disco que celebra mais de quatro décadas de estrada e relembra começo de sua trajetória
Amado Batista, 68 anos, celebra mais de quatro décadas de uma vitoriosa carreira com o lançamento do DVD Amado Batista – 44 Anos (disponível nas plataformas digitais). No álbum, o artista conta com as participações especiais de Simone & Simaria, Moacyr Franco, Jorge (da dupla com Mateus) e Kell Smith. Em um bate-papo exclusivo, o cantor romântico fala sobre sucesso, sua relação com as novas formas de divulgar seu trabalho e a parceria profissional com o filho, Rick Batista, 28 anos, que é o compositor de duas faixas do novo disco do pai.
Parcerias de luxo
No seu 40º disco da vitoriosa carreira, que celebra 44 anos de estrada, o álbum Amado Batista - 44 Anos (disponível nas plataformas digitais), Amado, que tem mais de 36 milhões de cópias vendidas e mais de 500 músicas gravadas na carreira, foi dirigido por ninguém menos que Rick Bonadio, proprietário do selo Midas, que descobriu nomes como a banda Charlie Brown Jr. No álbum, Amado convocou nomes de diferentes gerações da música nacional, como Jorge, da dupla com Mateus (Meu Ex-Amor), Simone & Simaria (Folha Seca), Kell Smith (Separação), Moacyr Franco (Madrugada na Cidade) e seu filho (leia mais ao lado), que canta sozinho a faixa Da Porta Pra Fora.
— Estou muito feliz com o resultado do disco. Em pouco tempo, ele passou de 20 milhões de visualizações no YouTube. E teve a presença de convidados que abrilhantaram o disco. Fiquei muito feliz ao saber que Folha Seca é a música que a mãe de Simone & Simaria (Mara) mais gosta. E ainda teve a participação do Moacyr Franco, um grande amigo. Um cara de muito talento, um grande orgulho contar com ele — comemora Amado.
No DVD, em pouco menos de 50 segundos, quem "apresenta" o filho de Amado ao público é Rick Bonadio que, orgulhoso, fez um um registro da gravação do disco, em uma foto com Amado e Simone & Simaria.
Relação antiga com os gaúchos
Em Porto Alegre, a agenda de Amado Batista de divulgação de seu novo trabalho, no começo desta semana, contou com entrevistas nas rádios Farroupilha (680 AM), no programa Comando Maior, com Gugu Streit, e na 92 (92.1 FM), no Discorama, com Martin TJ. Com a Farroupilha, a relação é antiga, desde que a rádio promovia grandes festas de aniversário, no Anfiteatro Pôr do Sol, no começo dos anos 200, até eventos de Natal.
— Sempre agradeço muito ao apoio do Gugu, o conheço há anos. Sempre tive minhas músicas tocadas na rádio, e sempre tive muito prazer em participar dos eventos, que reuniam milhares de pessoas, conseguia ver, nos shows, as pessoas que pediam minhas músicas na rádio — destaca Amado.
No caminho do paizão
Com estilo de galã, a estreia de Rick Batista, 28 anos, um dos quatro filhos de Amado (o goiano tem, ainda, dois filhos e uma filha) foi de luxo, no disco que celebra 44 anos de estrada do pai. Há pouco mais de dois anos, Rick ganhou de uma tia seu primeiro violão, que começou a lhe despertar o interesse em seguir a carreira musical.
— Eu não tinha interesse nenhum em música, mas eu tinha mau gosto para música (risos). Quando ganhei esse violão, fui desenvolvendo algumas letras e cantarolando algumas coisas. Então, sentei com amigos meus e finalizamos a (canção) Golpe Fatal. Na época, fiquei muito empolgado, mas fiquei pensando: "será que estou empolgado porque a música é minha?". Quando meu pai gostou da canção e resolveu incluir no álbum, fiquei feliz demais — relembra o cantor, 28 anos, que é natural de Ipatinga, Minas Gerais.
Além de incluir canções suas no disco de Amado, como Golpe Fatal e Da Porta pra Fora, ele as lançou em suas plataformas digitais. Para o pai, é só elogios:
— Ele é um cara que sempre me cobra quando erra, claro. Mas é um pai sensacional, quando acerto dá muito apoio, faz a gente se sentir muito bem — afirma Rick.
"Até então, só o Roberto Carlos vendia um milhão de discos"
Em uma conversa junto com o filho, Amado falou do começo de sua carreira, nos anos 70, de sua relação com as plataformas digitais e lembrou de um feito, quando conseguiu vender mais de um milhão de discos, no começo dos anos 80, feito até então quase que exclusivo de nomes como Roberto Carlos. Confira.
Mais de 36 milhões de discos vendidos, 44 anos de carreira, 500 músicas gravadas. Hoje, com esses números, olhando pra trás, o que passa na tua cabeça?
Rapaz, parece que foi ontem que aconteceu tudo isso, que eu comecei minha carreira. O tempo passa, mas a gente sempre lembra das coisas "bem perto", como se tivessem acontecido ontem. Lembro quando gravei o primeiro disco, que não fez sucesso nenhum (risos). Lembro quando conhecei meu parceiro Reginaldo Sodré e lancei o segundo disco. Nesse período, começamos a compor juntos e lançamos nossa primeira música (Desisto), que ficou em primeiro lugar entre as 100 mais tocadas daquele ano (1976). Também lembro do disco Sol Vermelho (1982), meu álbum de estreia na (extinta gravadora) Continental, que vendeu 1 milhão e 100 mil discos. Até então, só o Roberto Carlos vendia um milhão de discos, veja onde meu prestígio foi parar. Dali em diante, passei a vender um milhão de discos todo ano, é uma boa lembrança.
É um número muito significativo. E hoje, como tu te relaciona com as plataformas digitais, e como enxerga o "fim do disco"?
Hoje, a gente não vende mais quase nada de disco, quase tudo o que vendo é por meio do meu site . Mesmo assim, as pessoas gostam de ter o disco físico na mão, né? Mas, no YouTube, tenho mais de três bilhões de visualizações, que é uma coisa digital, que as pessoas achavam que talvez o artista popular não tivesse isso (sucesso nas plataformas digitais). Fico muito orgulhoso de tudo isso, ver meu filho seguindo o mesmo caminho, cantando bem, gravando bem. Com certeza, ele será um sucesso, também.
E os shows nos Estados Unidos (Amado fará dois espetáculos por lá no fim de janeiro)? Como é para um artista popular do país fazer estes shows?
Há alguns anos, quase todos os anos, faço shows por lá. E o público é formado, basicamente, por brasileiros que moram lá. Mas eles também levam seus amigos americanos, é uma experiência muito interessante. Em um dos shows, em Dandury (cidade localizada no Estado americano de Connecticut), no ano passado, deu recorde de público no local.
E qual é a sensação de ter, como uma das música inéditas do disco, uma composição de teu filho?
Pois é, uma surpresa maravilhosa. Ele fez a musica com os amigos dele, em 2018, e me mandou, eu gostei muito da música, mas o Rick não me disse a composição era dele. Quando eu perguntei de quem era, ele disse: "é minha e de meus amigos". Na hora, eu falei: "pretendo gravar, posso"? Ele disse que sim, na hora, e inclui a faixa no disco.
E na hora do lançamento do disco, como foi a decisão de que ela seria a primeira faixa de trabalho?
Reunimos umas 20, 30 pessoas, entre divulgadores e produtores, na gravadora do Rick Bonadio e ouvimos várias canções. Sempre gosto de fazer isso, para que a chance de errar seja menor. Na hora, sentimos que a música dele estava saindo na frente. E ela acabou sendo a escolhida.