Polêmica
Psicólogo comenta sessão de hipnose comandada por Pyong Lee no "BBB 20": "Um desserviço"
Brother hipnotizou outros participantes do reality durante a madrugada desta terça-feira e causou alvoroço nas redes sociais
A sessão de hipnose comandada por Pyong Lee no Big Brother Brasil 20 foi um dos assuntos mais comentados desta terça-feira (3) nas redes sociais. O brother demonstrou sua técnica aos demais participantes do reality e chegou a hipnotizar Ivy, Rafa, Thelma e Felipe Prior.
Hipnólogo, mágico e ilusionista, Pyong já faz demonstrações públicas da técnica em seu canal no Youtube, onde há mais de sete milhões de inscritos. Porém, pela primeira vez, ele usou o recurso ao vivo no BBB 20, causando um alvoroço na internet. Rapidamente, internautas começaram a compartilhar os vídeos da sessão de hipnose, demonstrando curiosidade e deslumbramento pela técnica.
GaúchaZH procurou o Conselho Regional de Psicologia do Rio Grande do Sul (CRPRS) para comentar a ação realizada no reality. A reportagem descreveu o que aconteceu no BBB para Lúcio Garcia, psicólogo coordenador da área técnica do CRP.
— O transe hipnótico é usado para fatos traumáticos, como acidentes e sequestros. O recurso pode ser usado como benefício e, em alguns casos, a pessoa não precisa nem usar medicação para superar o trauma. O psicólogo, o médico, o odontólogo, por exemplo, são impossibilitados de usar a hipnose com caráter fútil e sensacionalista, ou que cause algum constrangimento para as pessoas — explicou o psicólogo.
As demonstrações de hipnose em programas de TV são permitidas no país, mas, caso Pyong fosse médico ou psicólogo, por exemplo, poderia sofrer alguma sanção por ter mostrado a prática com viés de entretenimento.
No Brasil, não existe uma legislação específica sobre o uso da hipnose. As regulamentações são feitas por organismos de classe, como os conselhos federais de Medicina e Psicologia, entre outros. Profissionais de saúde podem utilizar a hipnose para pesquisa e tratamento. Contudo, qualquer pessoa pode aplicar o recurso, basta se especializar na técnica.
Pyong Lee é, inclusive, um dos maiores defensores da difusão da hipnose no país como um recurso para a saúde mental. Para isso, ele aposta no entretenimento. Em seu canal de vídeos, já hipnotizou famosos e anônimos e se especializou na técnica com cursos no exterior.
— Fazemos as brincadeiras parecidas com as que você vê nos vídeos. A pessoa esquecer o nome, grudar as mãos uma na outra e não conseguir desgrudar, esse tipo de coisa. Gosto de espalhar conhecimento através do entretenimento. É uma forma mais divertida e viral — disse Pyong em entrevista ao jornal Folha de São Paulo em 2018.
Durante a sessão do BBB, Pyong explicou tudo que estava fazendo aos brothers. Em transe, vários participantes protagonizaram situações hilárias: Ivy achava que estava com os cabelos coloridos e Thelma não conseguiu contar os dedos das duas mãos de 1 até 10.
A atitude, porém, é questionada pelo membro do Conselho Regional de Psicologia do Estado.
— Isso é muito sedutor, as pessoas ficam meio assustadas, isso é realmente meio mágico. Provavelmente deve ter tido toda uma preparação. As pessoas que sofreram a transe hipnótica acreditaram nessa situação, foram induzidas a isso, e no momento que são induzidas podem desencadear outras situações onde teria a necessidade da presença de alguém com formação no campo de saúde para poder lidar com isso. Por isso, a gente não recomenda — defendeu Lúcio Garcia.
— Acho que ele fez um desserviço à ciência séria da hipnose, é um exercício narcísico de se exibir. Muitas pessoas podem ir atrás agora, dizer que vão hipnotizar alguém para conseguir algo, o que não existe. (...) Então acho que isso é desserviço — concluiu o psicólogo.