Noveleiros
Um dos criadores da "Malhação", Emanuel Jacobina fala sobre a origem e o sucesso da atração, no ar há 25 anos
Autor de várias temporadas, ele não imaginava que a novelinha iria ficar tanto tempo no ar
Com tantas mudanças, há algo que permanece igual: o fato de dar voz a questões da juventude, manter o foco nesta fase de tantas descobertas e conflitos. É o que destaca Emanuel Jacobina, um dos criadores de Malhação, em 1995, e autor de outras seis temporadas, incluindo a mais recente, Toda Forma de Amar, encerrada em março. Em entrevista por e-mail, ele destaca os fatores de sucesso de Malhação e fala sobre a origem do projeto.
Você pode contar um pouco sobre como surgiu a ideia de criar Malhação, em 1995? Qual era a base do projeto?
Eu tinha um projeto de escrever sobre jovens e adolescentes da Zona Norte do Rio de Janeiro. A Andrea Maltarolli tinha um projeto com adultos passado numa academia de ginástica. Eu já estava começando o meu projeto com a Mariana Mesquita, também autora da Globo, mas infelizmente, a mãe da Mariana faleceu e ela não pode continuar. O Flavio de Campos, que era coordenador da oficina de autores da Globo, sugeriu que juntássemos os dois projetos. Eu propus o nome Malhação. Funcionou.
Há 25 anos, você imaginava que Malhação permaneceria no ar por tanto tempo?
Nem eu nem Andrea imaginávamos que durasse tanto. Mas Flavio de Campos achava que sim.
Qual é o segredo para manter a audiência de um programa por mais de duas décadas?
Renovação de autores, elencos, diretores e foco no universo jovem. Acho que racismo, gravidez indesejada, homofobia, machismo, violência urbana, disputas entre irmãos, romance proibido, entre outros, são temas universais que sempre são abordados em diversas novelas, incluindo as diversas temporadas de Malhação.
O jovem que assistiu à primeira temporada, em 1995, é muito diferente da atual geração. Quais questões você considera atemporais, que continuam sendo abordadas com sucesso tanto nos anos 1990 quanto hoje em dia?
Malhação exige foco na juventude, na adolescência. O ponto de vista mais importante da narrativa é o deles.
Malhação é, desde a primeira temporada, uma verdadeira escola para jovens talentos. Era esse o propósito inicial da atração ou foi algo que aconteceu naturalmente?
Foi algo que aconteceu naturalmente, dada a necessidade de atores jovens para personificarem um grande número de personagens jovens.
Você acha que Malhação tem fôlego para mais 25 anos? Qual é o segredo para se "reinventar a roda" a cada início de temporada?
O mais importante é entreter e emocionar o público a partir de histórias centradas nos pontos de vista dos jovens e adolescentes. Há uma pitada de informação também nessa receita: as famílias em casa esperam que Malhação, além de entretenimento, traga esclarecimento sobre questões reais vividas pelos guris e gurias da casa e também pelos adultos. Por exemplo, a violência urbana. Mas o mais importante é sempre a qualidade da história.