Em tempos de pandemia de coronavírus, o isolamento social mudou a vida de muita gente. Mas também é tempo de recordar boas histórias que voltaram à telinha: as reprises de Malhação – Viva a Diferença (2017), Novo Mundo (2017), Totalmente Demais (2015) e Fina Estampa (2011) proporcionam aos atores que estão em casa a oportunidade de acompanhar as tramas como telespectadores. 

Sobre esse e outros assuntos, inclusive reinvenção das relações familiares, Lucio Mauro Filho, Vivianne Pasmanter e Dira Paes bateram um papo descontraído — por chamada de vídeo, obviamente. Confira!

Paizão dentro e fora de cena

Depois de mais de uma década fazendo um único personagem na TV — o Tuco de A Grande Família — Lucio Mauro Filho, 45 anos, queria respirar novos ares. 

Com o fim do longevo seriado, que foi de 2001 a 2014, veio o convite para viver o Roney em Malhação – Viva a Diferença. Na história, além de ser pai de adolescente, encarou também o papel de avô, já que Keyla (Gabriela Medvedovski) engravidou aos 17 anos.

O personagem na novela veio a calhar. Na vida real, Lucinho tinha dois filhos entrando na adolescência. Bento, 17 anos, e Luiza, 15, sempre tiveram um canal aberto com o paizão para falarem sobre tudo. A temporada de Malhação só reforçou essa ligação.

— Eles assistem à Malhação já entendendo um monte de coisas. Foi interessantíssimo fazer esse trabalho tendo filhos adolescentes em casa. As discussões eram feitas ali, com o episódio no ar — conta.

A caçula

Com quase 20 anos de casados e dois filhos crescidos, Lucio e a esposa, Cintia, tiveram uma surpresa. Há dois anos, Liz chegou para animar o lar da família e virou o xodó de todos, principalmente dos manos mais velhos.

— Eles amadureceram muito. Então, de alguma maneira, suprem esse papel de professores da Liz — diz o ator, sobre a rotina durante o confinamento.

Lucinho conta que os filhos mais velhos estão sentindo mais angústia com o isolamento:

— Eles estavam começando a tomar autonomia. Experimentaram o primeiro Carnaval, parece que foi uma despedida antes da quarentena.

Enquanto revê seu trabalho em Malhação, Lucio recorda com carinho dos amigos que fez durante as gravações. Ele garante que, além de ser visto como um paizão pela galera, também aprendeu muito com os colegas novatos:

— Aconselhei e continuo aconselhando, todos viraram meus amigos. Eles também me ensinaram um monte de coisas, a lidar com o mundo digital, a lidar até com os meus preconceitos. Foi uma via de mão dupla. 

Duas vezes Vivianne

No ar em dose dupla, como Germana, em Novo Mundo, e Lili, em Totalmente Demais, Vivianne Pasmanter, 48 anos, se diverte ao assistir a trabalhos tão diferentes:

– É um privilégio como atriz poder assistir, ao mesmo tempo, a duas personagens tão opostas. 

Para viver Germana, Vivianne precisou abrir mão da vaidade, já que aparecia em cena com dentes podres e cabelos desgrenhados. A atriz enxerga na adorável pilantra um espelho da sociedade:

— Essa individualidade da Germana, vontade de querer se dar bem a qualquer preço, tem muito disso por aí.

Se Germana era pura diversão, Lili, de Totalmente Demais, mexia com sentimentos profundos de qualquer mãe. A morte da filha, Sophia (Priscila Steinman), desestruturou não só a personagem, mas também sua intérprete:

– Foi difícil entrar nesse sentimento, porque acho que perder um filho é a pior coisa que pode acontecer a alguém. Entrar nessa dor mexeu também um pouco na minha relação com meus filhos. Fica esse medo, né? Sempre que você vive um personagem, não passa impune a ele, você aprende muita coisa.

Difícil missão

Mãe de Eduardo, 17 anos, e Lara, 15, Vivi conta que não tem sido fácil lidar com dois jovens em confinamento:

– É mais difícil segurar em casa. Querem sair, curtir os amigos. Nesse ponto, o sofrimento deles está maior. 

"Não tem sido fácil"

Dira Paes, 50 anos, tem se dividido entre as tarefas de mãe e professora dos filhos, Inácio, 12 anos, e Martim, quatro. 

Tentar captar as necessidades de cada um, para ela, é o grande desafio de pais e professores durante o isolamento:

– Porque as idades são diferentes. O Inácio tem uma capacidade muito grande de se organizar. Para ele, é quase só um apoio para montar um esquema de estudos. Agora, para Martim, tem sido um desafio.

Apesar das dificuldades, Dira tem se deliciado com as descobertas.

– Foi muito bonito ver o Martim descobrindo algumas letras em lugares em que ele nunca tinha prestado atenção – conta.

O drama de Celeste

Sobre a reprise de Fina Estampa, a atriz celebra o fato de Celeste ter voltado à telinha. Com o crescimento dos casos de violência doméstica, principalmente durante o período de isolamento social, a personagem pode ser um alerta para muitas famílias:

— A presença de Fina Estampa, nesse momento da pandemia, está ressuscitando o tema da violência contra a mulher com muita atualidade. O que nos faz sentir, de certa maneira, que nós não avançamos muito nessa questão.