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"Pessoas que hoje estão me xingando há dois anos batiam palmas", diz William Bonner 

No "Conversa com Bial", apresentador do "Jornal Nacional" falou sobre polarização política no Brasil e o caso da fraude envolvendo o filho

27/05/2020 - 09h41min


GZH
Reprodução / Gshow
William Bonner diz que tem sido atacado nas ruas e nas redes sociais

Quem se acostumou aos modos reservados de William Bonner diante das câmeras pode estranhar o âncora do Jornal Nacional menos formal no Conversa com Bial, exibido na Globo na madrugada desta quarta-feira (27). Entrevistado dentro da série de homenagens que o programa faz aos 70 anos da TV brasileira, o apresentador e editor-chefe demonstrou rara vulnerabilidade ao falar sobre a polarização no país e os ataques que têm sofrido.

A entrevista concedida a Pedro Bial foi gravada por videoconferência, cada um em sua casa, como tem sido comum em tempos de coronavírus. A pandemia foi um dos assuntos entre eles, com Bonner falando sobre o desafio de cobrir a maior crise da história recente da humanidade. 

O compromisso em retratar a situação do Brasil diante do vírus tem motivado críticas ao Jornal Nacional por parte dos espectadores. A razão, segundo Bonner, seria a divisão ideológica e política que marca o país nos últimos anos. O que, mesmo antes da pandemia, motivou o apresentador a passar mais tempo em casa.

- A polarização chegou a um ponto em que minha presença em determinados locais públicos era motivadora de tensões. Quando eu percebi isso, percebi isso de maneira ruim, dentro de farmácia. Fui agredido verbalmente, insultado, desafiado - contou. 

De acordo com Bonner, essas pessoas que agora o criticam, em épocas passadas o elogiavam pela mesma dedicação em denunciar problemas e irregularidades. Por outro lado, quem no passado o criticava, agora o apoia:

— Tem gente hoje me aplaudindo que estava, há dois, três anos, me xingando. Pessoas que hoje estão me xingando há dois, três anos, batiam palmas. 

Bonner também falou sobre a fraude envolvendo o nome do filho, Vinícius Bonemer. Recentemente, o jornal Meia Hora, do Rio, veiculou uma notícia dizendo que o jovem havia se cadastrado para receber o auxílio de R$ 600 dado pelo governo para amenizar os efeitos da crise econômica entre os mais carentes. Começaram a circular vídeos nas redes sociais cobrando de Bonner alguma explicação.

— Era uma coisa que transbordava um ódio. Esse ódio não me surpreende mais. Mas o que me surpreendeu é que nesse vídeo dizia:"e aí, William Bonner, você não vai dizer nada? Você vai ficar quietinho? Seu filho pega dinheiro público e você vai ficar quieto?". Ora, que sentido faz isso se fui eu que denunciei, que avisei a Caixa? — disse. 

Ele confessou que suspeita que o caso da fraude é uma armação para colocar em xeque sua credibilidade como uma das maiores figuras do jornalismo brasileiro. A Globo chegou a emitir uma nota dizendo que o apresentador tem sido alvo de campanha de intimidação. 

— Eu tendo a achar, é uma suspeita, quem quer que tenha inscrito o nome do meu filho neste programa, agiu não com a intenção de botar o dinheiro no bolso, mas para que o filho do âncora do JN e da apresentadora de entretenimento da Globo (Fátima Bernardes) aparecesse como alguém que tivesse feito algo muito feio e encurralasse essas pessoas. Quem, em meio a uma pandemia, com milhares de mortes, com centenas de milhares de pessoas doentes, teria a ideia, do nada, de entrar no site do Ministério da Cidadania, do Dataprev, e verificar se o filho do William Bonner tentou se inscrever para receber os R$ 600? Esse é o tempo em que estamos vivendo hoje.

Outro momento da entrevista em que Bonner se demonstrou comovido foi quando falou sobre sua vida íntima, longe da bancada do Jornal Nacional: 

— Uma vez me perguntaram: qual é o William Bonner real? É o da televisão ou da rede social? O da rede social, o que não está nem na TV, nem na rede social, o filho da Dona Maria Luiza e Doutor William, o pai de trigêmeos, o amigo e colega de redação, o "pereba" no jogo de futebol. Eu sou essa cara aí. Sou esses caras todos aí. Mas as pessoas não sabem.



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