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Afinal, Por que a liberdade feminina incomoda tanto?

A cantora gaúcha Luísa Sonza não se intimidou com os comentários ofensivos que recebeu ultimamente

25/06/2020 - 10h16min


Mariane Araújo
Mariane Araújo
Jonathan Wolpert / Divulgação
"Sempre serei voz por nós, mulheres"

Luísa Sonza, 21 anos, foi alvo de ataques na internet nos últimos dias. O motivo: no clipe de Flores, a gaúcha de Tuparendi aparece cheia de sensualidade em uma parceria com o cantor Vitão, 21. Os inúmeros "dislikes" (descurtidas) no YouTube e comentários negativos nas redes sociais criticavam a cantora pelo fato de ela assumir uma postura provocante e sensual logo após anunciar a separação do youtuber Whindersson Nunes, 25 anos. Alguns internautas até sugeriram que Vitão seria o pivô do afastamento do casal. 

Afinal, o que Luísa fez de errado? Apesar de negar o envolvimento amoroso com o cantor, qual seria o problema se houvesse uma aproximação entre eles? Se fosse o contrário, e o ex-marido estivesse envolvido com outra pessoa, será que os julgamentos seriam os mesmos? Pense sobre isso!

Divulgação / Divulgação
Cena do clipe "Flores"

Em suas redes, Luísa disse que, embora sua equipe quisesse bloquear os comentários no vídeo, ela achou melhor mantê-los e explicou: 

— Quero que as pessoas vejam como as mulheres são tratadas até quando só estão fazendo seu trabalho neste país. Sempre serei voz por nós, mulheres. Nunca ninguém vai me parar. Fiquem tranquilas.


Coragem para combater o machismo

Instagram / Reprodução
Letticia dá um "chega pra lá" nos preconceituosos

Letticia Soares, 25 anos, de Novo Hamburgo, é modelo plus size e criadora do perfil Fala Brigitte (@falabrigitte) no Instagram, onde fala abertamente sobre vários tipos de preconceito. Ela elogia a postura de Luísa Sonza:

— Ela fez tudo maravilhosamente certo, teve coragem para fazer certo, empurrou os limites, provocou a reação, brincou com as linhas que delimitam desigualmente a moral de homens e mulheres e resultou nisso: uma onda de ódio, de discursos inflamados contra ela. Simplesmente, por ousar fazer o que quisesse fazer.

Desigualdade que fere

Para a influenciadora digital Letticia, é assustador pensar que, em vários países do mundo, as mulheres ainda sofrem com atos como a mutilação genital, por exemplo, para que não possam sentir prazer sexual. Segundo o jornal El País, a amputação total ou parcial do clitóris, e outros procedimentos que lesionam os órgãos genitais femininos, ainda é praticada em cerca de 30 países, dos quais 27 são africanos, e afeta cerca de 200 milhões de mulheres em todo o mundo.

— Nesse exato momento, ainda existem 30 países onde a mutilação genital feminina é praticada. Como falar de igualdade total se questões tão óbvias, como ter os mesmos direitos que os homens, nos são negadas? O que sobra para questões mais controversas, como a expressão da sexualidade e sensualidade feminina? — questiona Letticia, que completa:

— Não é somente em relação ao comprimento das nossas roupas que as pessoas costumam atribuir o nosso valor, mas é em como evidenciamos o nosso desejo. Essa repercussão acalorada do clipe Flores só foi mais uma gota d'água em um copo que já estava cheio.


Julgamento absurdo

Instagram / Reprodução
Duda defende a liberdade feminina

Duda Buchmann, colunista da Revista Donna, acredita que o julgamento sempre vai existir mesmo que, no caso de Luísa, o clipe fosse mais conservador, como no início da carreira da gaúcha.

— É um absurdo a mulher ser julgada por mostrar sua sensualidade. A mulher é livre, e a liberdade feminina precisa ser mais naturalizada — comenta.


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Qual é a sua opinião? Essa discussão é importante para que a nossa luta pela igualdade de gênero seja levada adiante. Não podemos abaixar a cabeça ou, simplesmente, parar. Já conquistamos muito, mas saiba que podemos e merecemos mais.

Na conversa com a Letticia, me identifiquei muito com o pensamento dela. Pois, apesar de lamentar os comentários ofensivos direcionados a Luísa, por outro lado, devemos usar o que ocorreu como motivação para seguir discutindo o machismo e suas consequências.


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