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O "lado B"

Aborto, vida boêmia e violência doméstica: a Hebe que você não conhece em cinco momentos da série

Com 10 episódios, seriado sobre a apresentadora será exibido na Globo a partir desta quinta-feira (30) 

28/07/2020 - 14h44min


Marina Pagno
Marina Pagno
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Reprodução / Globoplay

"Às vezes, ela nem sempre é essa doçura que ela demonstra, não. Às vezes, ela é bem rabugentinha". Assim se descreveu Hebe Camargo durante entrevista a Marília Gabriela em 2010, dois anos antes de sua morte. Esse momento da vida da apresentadora abre a sequência de 10 episódios da série Hebe, que será exibida pela Globo a partir da próxima quinta-feira (30), e diz muito sobre a história que é contada na produção. 

Disponível no Globoplay desde o fim do ano passado, após a estreia do filme Hebe – A Estrela do Brasil nos cinemas, pela primeira vez o seriado será mostrado na íntegra na TV aberta. Os capítulos contam, de forma não-linear, a vida pessoal e profissional da apresentadora, vivida pelas atrizes Andrea Beltrão e Valentina Herszage, que interpretam Hebe em diferentes fases.

Além de mostrar a figura exuberante que todo mundo conhece, no tradicional sofá de seu programa, microfone na mão, radiante e carregada de joias, a série também revela uma espécie de "lado B" da artista, que inclui sua origem pobre, as incertezas ao longo da carreira e seus conturbados relacionamentos. 

Confira cinco momentos da produção, selecionados por GaúchaZH, em que Hebe ganha uma leitura muito próxima do público, mostrando que a apresentadora também passou por dramas comuns:

Conflitos familiares

Hebe viveu casamentos conturbados em sua vida, e a série mostra que apresentadora teve que lidar com diversos episódios de machismo e relações abusivas dentro de casa. O comerciante Décio Capuano (vivido por Gabriel Braga Nunes), com quem a artista ficou casada por sete anos entre as décadas de 1960 e 1970, não gostava da fama da esposa e reclamava que seu sucesso o ofuscava. 

Divulgação / Globoplay
Casamento de Hebe (Andrea Beltrão) com Décio Capuano (Gabriel Braga Nunes)

Nos anos 1980, quando engatou um casamento que duraria 29 anos com Lélio Ravagnani (Marco Ricca), a produção reforça que Hebe teve de lidar com ciúmes e momentos explosivos do segundo marido. Ele também não se dava muito bem com o filho de Hebe, o jovem Marcello (Caio Horowicz), fruto do casamento com Décio, o que ampliava os conflitos familiares. A apresentadora chegou a ser alvo de violência doméstica por parte de Lélio, episódio de sua vida pessoal pouco falado em público. 

Bons drinks 

Hebe era bem festeira, e a série retrata as farras da apresentadora, principalmente durante os anos de casamento com Lélio. Ela adorava encher de gente (famosos, em sua maioria) sua mansão no Morumbi, em São Paulo. A apresentadora nunca escondeu que gostava de bons drinks e cerveja gelada - bebia até durante entrevistas que dava para jornalistas em sua casa. Em diversas partes, a série mostra Hebe completamente embriagada. 

Fábio Rocha / Globo
Hebe (Andrea Beltrão) em uma das festas em sua casa, junto com Roberto Carlos (Felipe Rocha)

Origem pobre 

Quando jovem, Hebe é colocada como o pilar dos Camargo. A família se mudou de Taubaté para a cidade de São Paulo quando ela tinha 14 anos. Na época, chegou a trabalhar como empregada doméstica para ajudar no sustento dos outros seis irmãos. 

A família era humilde e dependia dos ganhos do pai, o músico Fêgo Camargo (Ângelo Antonio/Flávio Migliaccio). Quando finalmente iniciou na carreira de cantora, Hebe elevou o padrão de vida da sua casa. O seriado também mostra a fraternal e próxima relação que ela tinha com Fêgo.

Fabio Rocha / Globo
Valentina Herszage vive Hebe no início da carreira no rádio e na TV

Aborto 

No terceiro capítulo, é relembrado o relacionamento amoroso que Hebe teve com Luís Ramos (Daniel de Oliveira) aos 18 anos, logo no início da vida artística. Ela ficou grávida do empresário e decidiu fazer um aborto. As cenas misturam o passado de Hebe (quando a apresentadora é vivida pela atriz Valentina Herszage) até a revelação do caso, feita durante o programa Roda Viva, em 1987.  

Reprodução / Globoplay
Cena da série onde é mostrado o aborto feito por Hebe (Valentina Herszage)

“Eu acho que é uma coisa muito pessoal. Eu não aconselho as pessoas a fazerem, porque eu acho que cada um tem que saber o que deve fazer. Acho que é uma coisa de conscientização própria”, disse Hebe ao ser questionada na entrevista, já com Andrea Beltrão no papel, onde deixa claro sua defesa pela descriminalização do aborto.

Insegurança

Hebe sempre foi conhecida pelo público por ser uma apresentadora sincera, que falava o que pensava e com opiniões convictas. Mas sua carreira também foi rodeada de incertezas. Ela conviveu por muito tempo com a insegurança de entrevistar pessoas com mais estudo - a artista abandonou a escola na adolescência para seguir carreira artística. 

A série coloca Hebe em uma posição frágil quando recebia críticas, mas, ao mesmo tempo, forte, pois nunca teve medo de se expor e errar. O drama do desemprego também alavancou os medos da apresentadora em dois momentos da vida: na década de 40, quando deixou o rádio, e nos anos 1980, na transição entre Bandeirantes e SBT, mesmo período em que descartou trabalhar na Globo.

Reprodução / Globoplay
Momento em que Hebe (Andrea Beltrão) pede demissão da Bandeirantes, ao vivo, e larga o microfone no chão; cena é uma das mais emblemáticas da TV brasileira



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