Dúvida cruel
Os triângulos amorosos da telinha que dividem torcidas
Assim como Eliza, em "Totalmente Demais", outros mocinhos e mocinhas ficaram com os corações indecisos
Triângulo amoroso é uma relação que envolve três pessoas — o que pode implicar que duas estejam romanticamente ligadas a uma mesma pessoa ou, até mesmo, que cada uma sinta algo semelhante pelas outras duas. É quase impossível imaginar uma novela sem um bom triângulo, afinal, a disputa pelo amor de alguém é uma das razões de ser de uma história.
Há os exemplos mais clássicos, quando o vilão tenta disputar sua amada com o bom moço da novela, usando mil artifícios para distorcer a realidade. Ou, em outros casos, é uma mulher malvada quem tenta tirar a rival de seu caminho e, assim, conquistar o herói.
Mas é cada vez mais comum ter dois lados igualmente positivos na disputa amorosa. Ocorre, assim, que o público fica dividido, movimentando uma saudável e divertida disputa de torcidas nas redes sociais. Em Totalmente Demais (2015), no ar em edição especial durante a pandemia de coronavírus, voltamos a enfrentar o mesmo dilema de Eliza (Marina Ruy Barbosa), em uma dúvida cruel: se deve ficar com Jonatas (Felipe Simas) ou Arthur (Fabio Assunção). Tão acirradas como na época da primeira exibição, as discussões entre os times "Arliza" e "Joliza" voltaram com tudo.
Aproveitando esse clima de nostalgia, Retratos da Fama lembra outros triângulos que balançaram corações dentro e fora da telinha.
"Divididinha"
Em Sassaricando (1987), Tancinha (Claudia Raia) repetiu o bordão “mas eu me tô divididinha” por meses a fio. De um lado, o amor da adolescência, Apolo (Alexandre Frota). Do outro, o galanteador Beto (Marcos Frota). A dúvida da feirante se dissipou só no último capítulo, quando o ricaço se mudou para o cortiço e conquistou de vez sua amada.
Triângulo do além
Quando se fala em triângulo amoroso, logo vem à cabeça o mais famoso de todos, criado por Jorge Amado (1912 – 2001) e eternizado na literatura, cinema, TV e teatro: a obra Dona Flor e Seus Dois Maridos. O filme de 1976, com Sônia Braga, José Wilker e Mauro Mendonça no elenco, foi um sucesso e é, até hoje, uma das maiores bilheterias do cinema nacional.
Na telinha, a minissérie da Globo, em 1994, foi protagonizada por Giulia Gam, dividida entre o malandro Vadinho (Edson Celulari), insaciável até depois de morto, e o bom marido Teodoro (Marco Nanini).
Tudo em família
Manoel Carlos gerou polêmica em Laços de Família (2000), ao mostrar o jovem Edu (Reynaldo Gianecchini) dividido entre Helena (Vera Fischer) e a filha dela, Camila (Carolina Dieckmann).
Na época, o público demorou a aceitar a "traição" da jovem, muito por conta da química explosiva que os atores Vera e Gianecchini exibiam na telinha. Camila só ganhou a simpatia dos telespectadores quando foi revelado que ela estava com leucemia. Dessa forma, Maneco redimiu a personagem e, de quebra, carregou no drama para fidelizar a audiência.
Amor "felomenal"
Nem só de busca pela filha era feita a vida de Maria do Carmo (Susana Vieira). A protagonista de Senhora do Destino (2004) tinha dois homens apaixonados ao seu lado e capazes de tudo para fazê-la feliz.
Dirceu (José Mayer) passou anos sendo o único na vida de Maria, mas logo ganhou um concorrente forte. Giovanni Improtta (José Wilker) jogava pesado na hora da conquista e, não à toa, foi o eleito da empresária no fim da história.
Mudança de planos
Novela é uma obra aberta, portanto, até o destino amoroso dos protagonistas está sujeito à aceitação do público. Em América (2005), Sol (Deborah Secco) viveu um grande amor com Tião (Murilo Benício).
Mas a vida da mocinha estava mesmo nos Estados Unidos, e foi lá também que ela encontrou o homem que a conquistaria de vez. Eddie (Caco Ciocler) entrou na vida de Sol como um amigo. Depois, marido de fachada, até que virou o eleito da jovem brasileira.
Afeto construído
Em Caminho das Índias (2009), trama de Gloria Perez, se a ideia era manter Maya (Juliana Paes) e Bahuan (Márcio Garcia) como par romântico, aos poucos o jogo virou. E virou para o lado de Raj (Rodrigo Lombardi).
O público comprou a ideia do amor construído, uma das tradições da cultura indiana, e voltou suas atenções para outra direção. Raj era tão perfeito que foi capaz de aceitar o filho de outro homem como se fosse seu. Esse e outros motivos deixaram Maya apaixonada. E nós também.
Entre irmãs
A Vida da Gente (2011) dava ao público a difícil missão de escolher entre duas mocinhas igualmente carismáticas. O pior é que não havia lado certo ou errado nessa história: tanto Ana (Fernanda Vasconcellos) quanto Manu (Marjorie Estiano) foram vítimas das circunstâncias, e ambas mereciam o amor de Rodrigo (Rafael Cardoso).
O jeito foi escalar um Thiago Lacerda para complicar ainda mais essa história. Na pele de Lúcio, ele ganhou o amor de Ana, deixando Manu feliz para sempre com Rodrigo.
Decisão difícil
A gaúcha Vitória Strada estreou em Tempo de Amar (2017) com dois pretendentes encantadores. A mocinha Maria Vitória foi profundamente apaixonada por Inácio (Bruno Cabrerizo), mas o tempo passou, ela achou que o amado estava morto e surgiu Vicente (Bruno Ferrari).
O último capítulo deixou o público na expectativa, mas o jovem brasileiro levou a melhor sobre o bonitão português.
Mistério até o fim
Em Segundo Sol (2018), dois irmãos apaixonados pela mesma jovem. Rosa (Leticia Colin) viveu uma paixão arrebatadora com Ícaro (Chay Suede), de quem acabou engravidando. Mas o final feliz da moça foi ao lado de Valentim (Danilo Mesquita).
O destino desse trio só foi desvendado nos últimos capítulos, com uma operação de guerra para evitar que o desfecho viesse à tona antes do tempo.
Amor de ontem ou de hoje?
Amor antigo ou paixão do momento? Esse era o dilema de Paloma (Grazi Massafera) em Bom Sucesso (2019).
Ramón (David Júnior) era o primeiro namorado, aquele com quem ela havia feito planos de passar o resto da vida. O que nem a mocinha planejava era que surgiria um adorável Peter Pan em sua vida. Marcos (Romulo Estrela) tinha fama de conquistador, mas trocou todas as mulheres do mundo por um único amor.