Em entrevista à revista Época, Manuela Dias, autora de Amor de Mãe, contou sobre como é o processo de escrita da novela e como teve de adaptar sua rotina à realidade da pandemia. Ela se considera uma "control freak" com seus diálogos, conhecidos por serem realistas, e disse que tem fama de xingar os atores quando eles mudam o texto na hora das gravações.

— Luto pelos diálogos de meus textos como luto pela minha filha. O Chay (Suede), que eu amo, é um ator de composição naturalista. O apelido dele é “mudão”, porque muda o texto geral. Eu disse: “Chay, não pode mudar o texto”. E ele: “Nossa, mas por quê? Todas as suas cenas vão ser perfeitas?”. Respondi: “Claro que não, mas suas cenas também não vão ser, e eu não vou chamar outro ator para fazer, não é?” — contou a autora. — É sempre um grande momento quando falo para o ator que não pode mexer no diálogo. Imagina, falei isso para a Regina Casé, que não faz diálogo escrito.

Manuela já trabalhou em séries como Justiça, Aline, A Grande Família, Fama e Sandy & Junior, e em novelas como Cordel Encantado e Joia Rara. Para Amor de Mãe, sua primeira novela solo, ela dedica 12 horas diárias, reescrevendo cada capítulo em média três vezes. 

— Escrevo os diálogos praticamente sozinha. Pensa: são 4,5 mil páginas. Neste momento, estou com vários problemas na mão. Faço tratamento todos os dias, acupuntura, laser... Boto 20 agulhas em cada mão. A novela é um produto industrial que eu produzo de forma artesanal, e isso tem um custo pessoal.

Amor de Mãe teve as gravações retomadas em 10 de agosto com diversos protocolos de prevenção contra o coronavírus. A estreia da novela deve ocorrer em fevereiro de 2021.

A autora disse que inicialmente não pretendia incorporar a pandemia à trama, mas teve de mudar de ideia para manter o tom realista. Para conseguir situar a novela no tempo, Manuela teve de determinar o início da pandemia na trama. Segundo ela, Amor de Mãe acabará antes que a vacina surja na trama. 

— As cenas são divididas em graus de risco. Cena sem toque é uma categoria de risco, com toque outra. Mas, de novo, é o realismo que responde. Porque a gente resolve como na vida. Na sua casa você não usa máscara, na sua microbolha você abraça, beija. Com os outros, não. Essa experiência é reproduzida pelos personagens  — disse ela.