Desabafo
Cássia Kis se arrepende de aborto: "Faço as contas para ver quantos anos esse filho teria"
Em entrevista, atriz falou sobre o episódio que ocorreu em 1985
A atriz Cássia Kis, que está prestes a estrear na série Desalma, da plataforma de streaming Globoplay, concedeu uma entrevista à revista Marie Claire, publicada nesta terça-feira (29), na qual refletiu sobre diferentes aspectos de sua vida pessoal - entre eles, o arrependimento de ter realizado um aborto aos 27 anos.
— Quando olho para trás, uma das coisas que teria corrigido seria um aborto que fiz em 1985. Por mais que eu tenha me inclinado diante desse problema, pedido perdão, lamentado, às vezes faço as contas e vejo quantos anos esse filho teria, se eu seria avó. Quando sei de um aborto, me dói. Sou a favor da vida em qualquer situação — relatou a artista.
Ela, que perdeu a mãe há três semanas, também discorreu sobre a percepção de finitude que a pandemia trouxe às pessoas.
— Com o confinamento, temos a oportunidade de refletir sobre a morte. Está claro, para mim, que tudo diante dos meus olhos tem finitude. Mas, o que morre é nosso corpo, que fica cansado. No budismo você nasce, cresce, envelhece, adoece e morre. Isso aqui é uma passagem.(...) Perdi minha mãe há três semanas. É difícil perder uma mãe, não tem ensaio para isso. Todos nós só existimos porque temos uma mãe — disse.
Aos 62 anos, a artista ainda garantiu que não sente mais vontade de transar, mas que isso não significa que sua libido deixou de existir.
— Não tenho a menor necessidade de aparecer nua na frente de homem. Imagine que vou ficar escondendo isso, aquilo, para que correr esse risco? Não significa que não esteja cuidando de mim. Me masturbo com menos frequência do que há 30 anos, hoje uma vez a cada três meses. Às vezes você está em um relacionamento, não tem vontade de transar, e quando vê está abrindo as pernas para o seu macho. Isso já é violento. Essa é uma das razões que fazem com que eu esteja sozinha. Não estou mais a fim de transar, não quero. É maravilhoso esse lugar de falar não. Não preciso ter "dor de cabeça". Queria poder viver um relacionamento com um homem em que esse encontro sexual acontecesse num lugar que não é do desejo. Tenho desejo? Se vejo uma cena sensual, me dá tesão, minha libido ainda existe. Mas só — contou.
Por fim, Cássia ainda relembrou um assédio sexual que sofreu quando tinha apenas 11 anos.
— Minha mãe me levou ao dentista porque perdi um dente por cárie. Entrei sozinha no consultório e me lembro desse homem esfregar o pênis no meu braço. É assustador. Fiquei anos sem ir ao dentista, nem sabia que tinha um trauma. E isso se repetiu na vida adulta mais duas vezes, uma delas nesta década, de outro jeito. E não consegui reagir. Vivi três episódios de assédio sexual com dentista. E sofri abuso psicológico, que é horrível. Viver um relacionamento no qual a pessoa vai minando sua moral, destruindo sua personalidade. Você perde referências de valores, não acredita mais em você, é quase levada à morte. O outro te mata sem usar arma. Demora para se recuperar, para você se amar. Se não fosse minha profissão, provavelmente não estivesse viva — concluiu.