O comunicador Silvio Santos, 89 anos, está sentindo dificuldades com a proximidade das suas nove décadas de vida. Em texto datado de 31 de julho deste ano, publicado pela família nesta semana, o apresentador revela que sua memória está "se apagando vagarosamente". O trecho está em uma carta disponível no prefácio do livro Sonho sequestrado: Silvio Santos e a campanha presidencial de 1989, escrito por Marcondes Gadelha.

"Como muito de meus órgãos, incluindo o óbvio, que não funciona há muito tempo, minha memória a cada dia que passa vai se apagando vagarosamente. Este seu livro me lembra de acontecimentos que eu já tinha esquecido e me deixa emocionado a cada página que leio", diz o texto.

Publicada em setembro pela editora Matrix, a obra relata a participação de Silvio nas eleições presidenciais de 1989, a primeira da retomada da democracia no país. Em sua carta, o dono do SBT conta que buscava melhorar "as condições das pessoas mais necessitadas neste país".

"Parte do povo mais humilde do Brasil, infelizmente, ainda vive debaixo de pontes, em casebres de papelão ou de madeira, onde, muitas vezes, só tem um prato de feijão para comer e ainda precisa se preocupar com saúde e com os remédios que precisa tomar. Minha atuação seria voltada para esses temas que tanto afligem a nossa pobre população", escreveu. 

Afastado dos estúdios por conta da pandemia do coronavírus, Silvio termina o depoimento se questionando se teria sido bom liderar o país, pensando nos efeitos para ele e a própria família.

"Sei, porém, que teria sido bom para a causa. E isso me basta. O desafio, então, estava aceito em qualquer circunstância", finalizou.