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"Profissão Repórter" ganha nova temporada com jornalista gaúcha na equipe

Augusta Lunardi traz a experiência do jornalismo no Exterior para o programa de Caco Barcellos

23/02/2021 - 09h44min


Júlio Boll
Júlio Boll
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Mauricio Fidalgo / Globo
Augusta Lunardi tem 29 anos e se formou na França

Mostrar as transformações da sociedade brasileira, com o repórter diante dos fatos, sempre foi a qualidade mais marcante do Profissão Repórter. A pandemia de coronavírus, que já matou mais de 240 mil pessoas em menos de um ano, não teria como ficar de fora da pauta e é o grande destaque da nova temporada do programa jornalístico, que estreia nesta terça-feira (23), logo após o BBB 21, na RBS TV.

Mais uma vez sob a coordenação de Caco Barcellos, o Profissão Repórter mostra o início da vacinação e o momento de descontrole da pandemia em todo o país. Logo no programa de estreia, os repórteres irão mostrar o colapso do sistema de saúde no Amazonas, conforme visto em janeiro, e um levantamento inédito sobre brasileiros que estão furando a fila de vacinação contra a covid-19.

— Estaremos muito perto das famílias mais pobres, como sempre, as que mais sofrem nas maiores tragédias brasileiras. Os desafios de 2021 serão enormes: estamos começando o ano com aumento do número de brasileiros sem  emprego, sem moradia, sem comida na mesa e sem a garantia de que todos terão uma vacina para salvar a vida — destaca Caco Barcellos, em entrevista por e-mail a GZH.

Para cumprir a missão de informar com proximidade, o jornalístico conta com o reforço de três repórteres — Clara Velasco, Pedro Borges e a gaúcha Augusta Lunardi. Natural de Porto Alegre, a jornalista de 29 anos traz sua experiência no Exterior para o programa: viveu entre 2012 e 2019 na França, onde se formou. A gaúcha precisou se adaptar à linguagem do jornalismo brasileiro quando começou a gravar para o Profissão Repórter.

— Lá fora, o texto para a TV é mais narrado, como um documentário, e eu tive a dificuldade no começo porque o Caco falava para comentar tudo mesmo, se estava feliz, chateada ou ansiosa com algo. Não achava que os bastidores da notícia eram conteúdo e, depois de alguns dias, fui entendendo o processo — explica Augusta, em entrevista por telefone a GZH, ao revelar que foram 40 horas de gravações para a primeira reportagem, sendo que apenas 35 minutos devem ir ao ar na TV.

Antes de chegar ao programa da Globo, a gaúcha trabalhou como correspondente para televisões francesas, produzindo reportagens para Israel, Estados Unidos e Rússia. Segundo ela, o período em que viveu fora do Brasil a ajudou a ser mais resiliente por conta das dificuldades que passava por ser estrangeira.

— Foi um perrengue atrás do outro, não tinha acolhimento, mas o jornalismo de lá me ensinou isso de procurar pelo em ovo, de incomodar e de questionar o que tem de ser perguntado. Tenho essa herança de pegar o problema e ir atrás da solução até o final — garante Augusta.

De volta ao Brasil em março de 2019, trabalhando com uma TV francesa como correspondente no Rio de Janeiro, Augusta sonhava em integrar a equipe do programa liderado por Barcellos. Após uma indicação, recebeu um e-mail do próprio jornalista no segundo semestre de 2020.

— Eu tremia quando vi o e-mail do Caco dizendo "posso te ligar?", e era tarde, então ele só me chamou no dia seguinte. Fiquei a noite toda acordada (risos). Imagina, só o Caco Barcellos te ligando? Ele é o maior jornalista desse país — define Augusta, que precisou se mudar para São Paulo a fim de integrar o programa.

Adaptação

Ao longo de seus 15 anos de existência, o Profissão Repórter sempre foi conhecido por mostrar Barcellos e sua equipe diante dos fatos. Desde o início da pandemia, no entanto, ele está isolado e trabalhando diretamente de casa por estar no grupo de risco. Diretamente de seu quarto de hóspedes, onde montou um estúdio, o também porto-alegrense de 70 anos reconhece que estranhou muito o período, mas que pretende sair de casa somente no momento em que chegar a sua vez na fila para receber o imunizante.

— Minhas participações nas reportagens se tornaram estranhamente virtuais. Em 49 anos de reportagem, eu nunca havia saído das ruas.  Tive de aprender a conversar com as pessoas sem a possibilidade do "olho no olho", indispensável no  processo de conquista de confiança recíproca com os entrevistados — acredita Barcellos.

Muito fã dele, Augusta garante que tem sido curioso o fato de ter de conviver com Barcellos a distância. 

— É muito engraçado porque ultimamente tenho conversado mais com o Caco do que com a minha própria mãe (risos) e ele tem essa preocupação de passar conhecimento para nós que estamos começando. Quantos jornalistas tiveram o privilégio de ter aulas online com ele?! — questiona-se a gaúcha.

Com essa bagagem em construção, Augusta segue confiante no jornalismo. Com vontade de voltar a ser correspondente no Exterior, a gaúcha acredita que jornalista é uma profissão "muito linda e necessária" em 2021.

— O mais difícil para nós é conquistar a confiança das pessoas que estamos entrevistando, existe essa desconfiança enorme que é alimentada dia a dia por pessoas que estão no poder. A gente precisa ter essa garra de contar a verdade. Sem o jornalismo, nós perdemos a democracia — finaliza.


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